Paz!
Paz! Está chegando o novo ano e todos são convidados a pensar, rezar e
transmitir paz. Quanto ela é desejada pelos seres humanos! Mas, infelizmente, constatamos
todos os dias, como é difícil vivê-la. Parece que o nosso pequeno planeta, de
fato, tem certa rejeição em viver a paz. Por que isso? Talvez, precisamos
focalizar a questão para que todos nós possamos contribuir por uma assim
chamada política da paz. Esta é possível por meio de uma informação de paz. Paz
e informação. Duas realidades fundamentais para a convivência humana. Parece
que estão em risco. O
nosso mundo, onde o progresso avança sempre mais e a tecnologia dos meios de
comunicação se expande com ritmos acelerados, mostram-nos a real ligação e
dependência entre esses dois fatores, a comunicação e a informação.
Aliás,
já dizia S. João Paulo II, elas representam hoje um poder que poderia bem
servir a causa da paz, mas também criar tensões e provocar guerras e violações
dos direitos humanos. Segundo McLuhan, nós estamos determinados pela
tecnologia, ou seja, pelo determinismo tecnológico e, por isso, para ele, a
única solução é desconectar o cabo de força da tomada, isto é, cortar esse tipo
de comunicação. Certamente, nós não estamos de acordo com esse tipo de afirmação,
embora reconheçamos que a situação seja preocupante. Porém, achamos que o ser
humano possa encontrar as soluções por meio da sua capacidade do saber e do
dialogar. No entanto, nos questionamos: será que estamos ensaiando, vivendo
esta dimensão do saber e do dialogar?
Pelo
menos nós da Igreja nos interrogamos o que estamos fazendo, de fato, em relação
a isso. Despertemos, porque a paz tem pressa, não pode nos esperar, porque
bilhões de crianças, mulheres e homens estão vivendo de maneira dramática.
A paz começa nos corações. Não é simplesmente a ausência da guerra nem é
promovida apenas para evitar o conflito mais vasto. Ao contrário, ajuda a
orientar o nosso raciocínio e as nossas ações para o bem de todos. Ela se torna
uma filosofia de ação que nos ajuda a sermos todos responsáveis pelo bem comum
e nos obriga a dedicarmos todos os nossos esforços para a sua causa.
Vejamos,
por exemplo, como a informação é submetida a limitações e condicionamentos
políticos e econômicos, arriscando, assim, de ser sempre menos independente,
livre e insuficiente. Desde sempre, a guerra como o terrorismo se alimentam por
uma informação facciosa, parcial e duvidosa que gera medo, ódio e violência. Ao
mesmo tempo, cada vez que se esconde ou se muda a verdade, que se obscurece uma
manifestação ou projeto de paz, que se privilegiam os interesses de uns no
lugar do bem comum, cumpre-se assim um grave atentado à construção da paz. O
santo João Paulo II escreveu: “As formas e as maneiras como são apresentadas
situações e problemas tais como o desenvolvimento, os direitos humanos, as
relações entre os povos, os conflitos ideológicos, sociais e políticos, as
reivindicações nacionais, a corrida para ter mais armas, para fazer alguns
exemplos, influem diretamente em formar a opinião pública e criar mentalidades
orientadas no sentido da paz ou abertas, no entanto, para soluções de força”.
Continuou
o santo: “a comunicação social, se quiser ser instrumento de paz, deverá
superar as considerações unilaterais e parciais, removendo preconceitos,
criando, no entanto, um espírito de compreensão e de recíproca solidariedade”.
Infelizmente, os grandes e poderosos meios de informação difundem uma falsa
ideia da paz que se associa a inércia, renúncia, entrega, resignação,
impotência. As imagens, palavras e atitudes irresponsáveis transmitem
princípios e comportamentos que corroem as raízes por uma cultura da paz.
Porém, a paz se gera e mantém com uma informação e uma comunicação livre, se
preocupa com o bem comum, é próxima aos direitos e as necessidades das pessoas.
Assim sendo, uma livre informação pode crescer somente na paz.
Por
fim, S. João Paulo II falou: “A aceitação leal da lógica da pacífica
convivência nas diversidades exige a constante aplicação do método do diálogo,
o qual, reconhecendo o direito à existência e à expressão de todas as partes,
afirma o dever que essas têm de se integrar com todas as outras, para conseguir
aquele bem superior, que é a paz”. Por isso, eu acredito na paz, porém, não
podemos nos iludir que isto aconteça sem uma nossa colaboração. O nosso papel é
fundamental em acreditar que é possível se dedicar para dar a nossa
contribuição. Nesse sentido, não devemos “dormir”, mas acordar as nossas
aspirações para uma cultura de paz. Que o ano 2015 seja marcado por todos nós
numa grande colaboração de construção da paz.
Fonte:
Claudio Pighin, sacerdote, jornalista italiano naturalizado brasileiro, doutor
em teologia, mestre em missiologia e comunicação.
E-mail:
clpighin@claudio-pighin.net
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