Evangelho de Lucas 2, 1-14
“Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor refulgiu ao redor
deles, e tiveram grande temor. O anjo disse-lhes: Não temais, eis que vos
anuncio uma boa nova que será alegria para todo o povo: hoje vos nasceu na
Cidade de Davi um Salvador, que é o Cristo Senhor. Isto vos servirá de sinal:
achareis um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.”
O
evangelista Lucas contextualiza o nascimento de Jesus em um período histórico,
bem determinado, que era o da “pax romana” do Império Romano. Foi naqueles dias
que se iniciou o tempo da Salvação definitivo. Isto é, a ação de Deus se
encarnou na nossa história e é nela o lugar privilegiado. Significa que a sua
revelação não é abstrata nem fora de nós. Enganam-se aqueles que querem fazer
uma experiência de Deus fora do contexto histórico. Maria e José encontram
abrigo em um estábulo encostado numa gruta, porque não havia lugar para eles na
estalagem. E naquela região havia alguns pastores: os primeiros que receberam a
feliz e boa notícia da ação redentora de Deus:
“Havia nos
arredores uns pastores, que vigiavam e guardavam seu rebanho nos campos durante
as vigílias da noite.”
Quem
eram os pastores?
Eles
precisavam acompanhar o rebanho e, portanto, locomoviam-se continuamente. Desse
jeito, não podiam prestar os devidos cultos nos tempos estabelecidos pela lei.
Por isso, eram eles considerados infiéis, pessoas não dignas de fé nem apreço.
Só para ter uma ideia, o testemunho deles geralmente não era aceito pelos
tribunais hebraicos. Portanto, o primeiro anúncio foi dirigido a eles, pobres,
os últimos da vida sócio religiosa daquele tempo. A partir dessas constatações,
podemos reparar como Deus pensa e age na nossa história, surpreendendo-nos nas
suas escolhas. Para Ele, o que é mais importante é totalmente diferente daquilo
que acontece na nossa sociedade.
Quem
não tem nada, para o Senhor, em todos os sentidos, parece que tem um privilégio
de maior atenção. Efetivamente, creio que a ação de Deus é sempre favorecer o
ser humano que tem menos favores. Isto significa que ninguém é excluído por
Deus, somente que a sua aposta é direcionada para quem está sem nada. Deus quer
salvar a humanidade toda a partir de quem não tem favores nesse mundo. Uma
lógica revolucionária para as nossas cabeças. Pois é, quando é que nós
apostaríamos nos últimos para transformar essa nossa realidade tão complicada?
Outro aspecto sinalizado neste Evangelho é a presença dos anjos. Eles são os
mediadores entre Deus e os seres humanos, preservando a transcendência de Deus.
No
Novo Testamento, eles têm o papel de estar a serviço da salvação da humanidade.
Esses mensageiros anunciam uma grande alegria que não se limita somente aos
pastores, mas a todo o povo. A maravilha do Santo Natal se revela exatamente
nisso: sem os anjos os pastores não teriam entendido que aquele menino deitado
na manjedoura seria o Senhor. E também sem o menino deitado na manjedoura não
entenderíamos que a glória do verdadeiro Deus é bem diferente da glória humana.
A paz, segundo o hino dos anjos, se opõe a “paz romana” que era de poder e
conquistas de civilização. No entanto, a paz de Deus é a realização na terra
daquilo que acontece no “Céu”.
Portanto,
para glorificar a Deus, precisamos construir a paz. Eu lhe pergunto: como está
vivendo o Natal esse ano? Está concentrado nas coisas terrenas ou está
acolhendo a presença de Deus na sua vida? Desejo-lhe de coração um feliz e
Santo Natal na presença de Jesus.
Fonte: Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação
E-mail: clpighin@claudio-pighin.net
E-mail: clpighin@claudio-pighin.net
Nenhum comentário:
Postar um comentário