A Páscoa é o grande evento da humanidade que testemunha a magnitude da vida que temos em nossas mãos. A Pascoa é a valorização da nossa gente. Talvez não sabemos dar o valor que merece esse extraordinário fato. Estamos por demais mergulhados e atraídos pelos eventos passageiros e temporâneos. Somos cegos para as verdades que vão além da temporaneidade. Uma senhora que acompanha atentamente os meus artigos me mandou essas considerações, que as considero um bom testemunho da verdade. Veja o que ela disse:
“Padre Cláudio, muito obrigada pelo texto sobre o pensamento de Deus em contraposição ao do mundo, no qual estamos mergulhados e cada vez mais, pela multiplicidade de tarefas, preocupações, assumindo totalmente as rotinas e objetivos mundanos como se fossem ‘a’ realidade. Duas lições de seu texto merecem a devida atenção: a escuta atenta de Deus, assim como Maria o fez, sendo que é preciso parar para escutar, o que implica também escutar o outro, os outros. Escutar... E a outra lição é aquela que diz que Deus fala a nós ao longo de toda a história, todos os tempos. Ontem como hoje, a voz de Deus se faz presente e requer um diálogo. Mas, o seu texto mostra bem, saber dialogar requer saber escutar. Parece fácil, pois estamos cercados de mensagens o tempo todo. Mas muito disso é ilusão. É escuta do mundanismo. Obrigada, padre Cláudio.”
O acontecimento da Ressurreição permite uma visão que supera o nosso horizonte fechado. Hoje, mais do que nunca, o nosso tempo registra esta situação. A Ressurreição nos testemunha a atualidade de sua mensagem. Páscoa se revela, assim como em todos os tempos e também hoje, a verdadeira leitura que propõe ao ser humano não se deixar levar sob a pressão da lógica do tempo que passa. A Ressurreição é um testemunho de reflexão e contemplação encarnada, a qual é mediadora de vida. Nela, o projeto humano acha a plenitude da sua busca. Por isso, a sua celebração não pertence à retórica das tradicionais festividades.
Páscoa é a oferta viva e permanente em um tempo de presunção e de confusão. É evidente que nesta perspectiva a nossa vida, para ser vital, deve possuir alguns requisitos contemplativos do mistério pascal. Neste sentido, constrói-se um verdadeiro percurso de existência, a partir do evento da experiência cristã, mais do que o tecnológico-materialístico. Páscoa vai além da técnica, daquilo que enxergamos.
A Ressurreição nos ajuda a nos encontrar constantemente. Portanto, uma verdadeira vida tem de passar por esta experiência, que nos revela que vamos além de uma simples história humana. Como o Cristo ressurgido conseguiu dar tanta coragem aos apóstolos trancados no cenáculo por medo e que não hesitaram depois em sair para testemunhá-Lo, assim nós podemos fazer da nossa vida que seja mais objetiva e verdadeira, na medida em que nos deixamos viver por este evento único na história.
Infelizmente, deve se notar que a busca por esta resposta fundamental, que a humanidade tanto persegue, não passa através dos mecanismos do fruto da inteligência humana.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote e doutor em teologia / Belém-PA.
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