sábado, 24 de abril de 2021

Robson Oliveira - RESENHA POLÍTICA

 FRAUDE 

Infelizmente a empresa que intermediou a aquisição das vacinas contra A Covid 19 era de fachada, uma estelionatária estabelecida para fraudar o erário. Quem defende a vida e torcia para que a prefeitura de Porto Velho conseguisse comprar o imunizador e vacinar a população do município lamentou e se decepcionou quando descobriu que o prefeito caiu no “conto do vigário”. O que torcia contra desde o anúncio, em razão da mesquinharia calhorda de ser oposição, vibrou e comemorou como se fosse um gol de copa do mundo, mesmo ciente de que pode ser a próxima vítima.  

 

TRANSPARÊNCIA 

Esta coluna por diversas vezes elogiou a postura do prefeito Hildon Chaves na tentativa de comprar as vacinas. Somente as pessoas desprovidas de senso mínimo de humanidade torciam contra a chegada das vacinas. Com tantas vidas perdidas e milhões de pessoas com sequelas em razão da infecção, qualquer possibilidade de imunização em massa para conter a proliferação é um balsamo. Porém, a realidade se impõe exigindo que a prefeitura dê transparência total aos atos e tratativas que culminou com a tentativa de fraude, somente assim minimiza os estragos. 

 

ALTERNATIVAS 

A população espera que em razão da frustrada aquisição da Astrazeneca, através desses supostos golpistas, não desestimule o executivo municipal de continuar a tentativa de adquirir as vacinas. É verdade que no mercado não chovem doses disponíveis, conforme previu equivocadamente Pazzuelo, mas é preciso que o prefeito siga o exemplo dos governadores nordestinos, inclusive o nosso, e pegue carona no consórcio formado para a compra da Sputnik V. Passo a torcer que o caminho seguido por Marcos Rocha via consórcio seja exitoso para a imunização dos rondonienses.  

 

PRECAUÇÃO 

Embora a tentativa de fraude na compra das vacinas não tenha lesado o erário, segundo o prefeito Chaves, haja vista que os recursos reservados para a compra permanecem sob a guarda do Banco Central, o fato em si é grave e merece uma apuração amiúde dos órgãos de persecução penal e dos sistemas de controle. Não podemos permitir que a tentativa de roubo dos recursos públicos destinados a salvar vidas deixe de individualizar as condutas de quem deu causa para que sejam punidos exemplarmente. Administrativamente o prefeito deveria também apurar a participação dos auxiliares responsáveis pelas tratativas dos contratos para que nenhuma dúvida paire sobre ele próprio. No mínimo faltou uma precaução mais apurada na avaliação da empresa responsável pela comercialização das vacinas. Não há como escamotear que houve erros, no mínimo.  

 

ALERTA 

Pelos menos dois advogados haviam alertado à coluna dias atrás que a compra das vacinas feita pela prefeitura da capital era fraude. Jornalisticamente coube a este cabeça chata questionar diretamente ao chefe do executivo sobre tais suspeitas, o que fizemos. No entanto, os alertas deveriam ter servido para que este cabeça chata investigasse melhor a empresa fornecedora, o que infelizmente não ocorreu. 

 

MEA CULPA 

Depois de trinta anos na labuta semanal do jornalismo percebemos que não aprendemos tudo o que achávamos que sabíamos e somos humildes o suficiente para reconhecer que o aprendizado é algo diário, inclusive pra se reinventar. Mas o alento fica por conta de que toda torcida em favor das vacinas registrada na coluna, sem as apurações de estilo, decorre do susto que este cabeça chata passou em razão de dezessete dias internado devido à infecção contraída por este maldito vírus. Só pode ter sido as sequelas a negligência de uma investigação jornalística antes das comemorações.  Os advogados já cobraram de mim mea culpa, o que faço neste instante.  

 

ESTRATÉGICO 

Quando Hildon Chaves anunciou que iria comprar as 400 mil doses de vacinas a notícia correu o estado feito rastro de pólvora com estrondo suficiente para atingir os demais prefeitos e o governador que, naquele momento, permaneciam inertes aguardando tão somente as doses prometidas pelo Ministério da Saúde. O prefeito da capital foi festejado nos quatro cantos de Rondônia, obrigando o governador Marcos Rocha a se mexer e tentar também melhorar a imunização dos rondonienses.  

 

QUEIMAÇÃO 

Por várias vezes esta coluna criticou a lentidão de Rocha e sua dubiedade em relação às medidas de prevenção para conter a proliferação do corona, mas hoje reconhecemos que ele foi estratégico em anunciar sem estrondos ou fogaréu que estaria adquirindo a Sputnik V, vacina russa que os bolsonaristas tanto demonizaram. Marcos Rocha, militar de formação, evitou ser vítima da própria pólvora, a mesma que agora queima o eventual adversário.  

 

FÊNIX 

A despeito das críticas que momentaneamente enfrenta é preciso reconhecer que Hildon Chaves é um político que a sorte sempre bateu em sua porta quando todos juravam que ele era uma nuvem passageira. A pecha de incompetente não lhe cai bem e quem achar que ele vai ficar acuado com os fatos negativos que redundaram na descoberta deste ‘conto das vacinas’, pode tirar o cavalo da chuva. Em contato com a coluna, avaliou os estragos e reafirmou a disposição de procurar a qualquer custo comprar outras vacinas que eventualmente estiverem disponíveis. Se conseguir, independentemente do ocorrido, cumprirá a promessa de imunizar os portovelhenses com a rapidez que todos almejam. Não será a primeira vez que renascerá das cinzas. A coluna continua torcendo pela vida.  


Fonte: Jornalista Robson Oliveira / Porto Velho - RO.




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