As impressões dessa motocicleta da H-D serão passadas para você, através de test ride feito por um de nossos leitores. Acompanhe!
O relato
Na concessionária Harley-Davidson Tennesse, em Sousas, me perguntaram se eu não faria o teste da nova Heritage 107. Um dos proprietários tinha lido as impressões sobre a Fat Boy, e queria agora saber um pouco mais sobre a moto na visão de um possível cliente. Eu não ia andar, porque pensei: ora, já andei numa Softail 107, o motor é o mesmo, o chassi idem… Mas ele insistiu, e um dos vendedores (que tinha andado nas duas) também fez questão que eu rodasse com ela, e lá fui! E ainda bem, pois foi uma experiência totalmente diferente. Uma outra composição sobre os mesmos acordes, para usar uma analogia musical.
E de fato se a Fat Boy é um rock pauleira, a Heritage é uma balada romântica! Uma moto não tem quase nada a ver com a outra, o que é realmente espantoso quando se observam as semelhanças técnicas. É verdade que a maior diferença são os pneus, mas também o para-brisa e o banco. E creio mesmo que há mais alguma coisa no rendimento geral, que faz a sensação de pilotar ser radicalmente diferente.
Quanto aos pneus, é evidente: a Fat Boy faz belas curvas, como registrei, e é ágil. Mas exige do piloto: tem de ter contraesterço forte, para que ela incline como deve e consegue. E isso, combinado com a potência do motor, responde pela sensação de força brutal, meio selvagem, que a moto transmite. Já a Heritage, com pneus “normais” é dócil: a gente olha para a curva e a moto já inclina. Não precisa constraesterçar, a não ser em situações muito específicas: ela deita e segue o traçado com uma facilidade e leveza que era impossível imaginar numa Harley-Davidson.
Detalhes
Já o para-brisa responde por duas outras coisas: uma é a sensação maior de calor. O vácuo criado atrás dele, como é normal, puxa para cima o calor do motor, que não é grande, mas naturalmente existe. E por isso as pernas esquentam, não nas canelas, mas na altura dos joelhos. A outra, é claro, é o rendimento: na velocidade final, a Heritage (pela minha percepção) ficou cerca de 20 km/h mais lenta do que a Fat Boy. Diferença para a qual também contribui o arrasto das duas malas laterais, de que a Fat é desprovida.
Pessoalmente, não aprecio muito para-brisas fixos. Creio que sempre geram um pouco de turbulência, com a variação de velocidade e conforme a altura do piloto. Por isso mesmo, para a Ultra, comprei nos EUA um para-brisa que traz a abertura de ventilação da Gold Wing: além de diminuir a turbulência, por conta da regulagem do fluxo, evita a formação do vácuo e a sensação de calor atrás do morcegão. No caso da Heritage, para uma pessoa da minha altura, a bolha é eficiente entre 100 e 130 km/h. O que é um intervalo de rodagem muito bom (mas, claro, o para-brisa é removível e a moto fica bonita também sem ele).
Em tempo!
Por fim, o banco: muito mais confortável e macio do que o da Fat, combina com essa moto mais “família”, mais voltada para viagens longas. Uma coisa que achei estranho foi o fato de a Heritage não ter, à vista, a regulagem da suspensão. Na Fat boy, como registrei, a gente pode regular a suspensão sem descer da moto. Na Heritage, não: o parafuso de ajuste fica sob o banco.
Quero aqui fazer mais uma observação sobre as malas laterais. Agora, elas são rígidas e têm chave, o que é um progresso muito notável, pois aquelas malas sem chave, no caso de viagens, eram uma chatice. Quando vimos a fechadura, com uma depressão em volta do miolo, apostamos que entraria água. Mas não entrou! E agora, com essas chuvas, tivemos a prova dos nove: a água empoça um pouco em volta do tambor da chave, mas não passa uma gota para dentro da mala!
Missão cumprida
E agora, aproveitando a insônia, já está feito o que me pediu o proprietário da concessionária: o relato da experiência. E o que me parece claro: para usar em viagens e passeios, a Heritage continua sendo a melhor relação custo/benefício da H-D! Mas, como emoção, a Fat Boy é muito mais notável!
Resta ver, agora que percebi que essas Softails podem ser muito diferentes umas das outras, que bicho é a Fat Bob e como se comporta a Breakout 114, que devo experimentar logo mais.
Fonte: Revista Moto Adventure
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