Como brasileiros é constrangedor admitir a acusação, mas,
infelizmente, os americanos tinham razão quando afirmaram com todas as letras
que a corrupção é uma doença endêmica em nosso
País. E fomos tachados de corruptos inveterados pelo Tio Sam não
nos botecos da esquina, mas de forma
oficial e documentada.
A primeira vez que eles nos apontaram o dedo, FHC ainda era
presidente da República e foi na preparação de uma visita do seu colega Bill
Clinton ao Brasil, em 1977. Na ocasião, o Departamento do Comércio dos EUA
entregou um dossiê aos empresários que acompanhariam Clinton na visita, onde
apontava que o Brasil tinha um excelente potencial, mas a corrupção ainda era
endêmica na cultura brasileira.
Doze anos mais tarde, já no governo Lula, algo semelhante
aconteceu, desta vez envolvendo o então embaixador americano no Brasil Thomas
Shannon. Em correspondência ao procurador-geral dos Estados Unidos, Eric
Holder, que visitaria o Brasil em fevereiro daquele ano, Shannon afirmava que
aqui a corrupção era generalizada e afetava os três poderes.
No dois casos, como de praxe, houve a reação normal do
governo brasileiro com a exigência de um pedido de desculpas por parte da Casa
Branca por ofensa ao nosso País. No caso do embaixador, o governo do PT – o
“mais honesto do mundo – chegou a ameaçar de expulsão o ‘caluniador’ da nossa
honra pátria”. A indignação foi total, mas eles estavam certos.
Desde a denúncia do ‘Mensalão’ pelo jornal Folha de São
Paulo, em 2006, a corrupção é o assunto recorrente na pauta da imprensa seja
brasileira, seja estrangeira. A coisa está tão banalizada que já virou notícia
corriqueira. Para onde se vira ou se mexe, sempre se encontra algo de muito
suspeito. É duro de admitir, mas essa é a realidade do Brasil de hoje.
Fonte: EDITORIAL - Jornal A Gazeta de Rondônia
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