domingo, 17 de junho de 2018

Sinistro do edifício é fruto da omissão

Edifício Wilton Paes
Mais uma vez o Brasil e São Paulo são impactados pela imprevidência e inoperância daqueles que tem o dever de exigir o cumprimento das leis e das posturas urbanas e, com isso, garantir a segurança e a salubridade do ambiente onde vivemos. O incêndio  e queda do Edifício Wilton Paes de Almeida, antiga sede da Polícia Federal, no coração de São Paulo, é a prova do desleixo do governo federal para com suas milhares de propriedade, do governo municipal para com o cumprimento para o bom cumprimento das regras de ocupação do solo e das autoridades dos diferentes setores quando aos desmandos de grupos praticam no esbulho à propriedade, exploração dos necessitados e outros crimes. Ocorrido o sinistro, a prefeitura anuncia que vai fazer levantamento e verificar as condições dos pelo menos 70 prédios ocupados na área urbana de São paulo. O Estado promete ajudar e até a União acena com providência.

Vizinhos lembram que desde a saída da Polícia Federal, em 2003, existiam dúvidas quanto à firmeza das estruturas do prédio. Dizem ter alertado frequentemente as autoridades sobre problemas. O Corpo de Bombeiros, segundo seu comandante vistoriou o imóvel e também mostrou problemas. Mas o lugar estava ocupado há anos, sofreu ação de uso impróprio, com o acúmulo de materiais inflamáveis, e ninguém tomou providências até o seu incêndio e desmoronamento. É a mostra flagrante de irresponsabilidade das autoridades, inclusive não cumprindo as leis. O ocorrido autoriza a supor que os demais imóveis ocupados irregularmente - tanto em São Paulo quanto em outras localidades - são igualmente bombas prestes a explodir, matar seus ocupantes e cair sobre a cabeça de quem esteja passando pela proximidade.

Infelizmente a questão habitacional tornou-se moeda de exploração política. Grupos que se arvoram em defensores dos sem teto os exploram politica e economicamente e as autoridades nada fazem para impedir. O governo da União, detentor do "imperium" jurídico é o primeiro a abandonar suas propriedades. O Estado e o município tomam medidas paliativas, quando o fazem, e a população de pobres e desvalidos é mantida refém de esquemas político-ideológicos e da leniência dos governantes que, pensando em votos, fazem vistas grossas aos exploradores.

Quando ocorreu o incêndio da Boate Kiss, em Santa Maria (RS), levantou-se o problema da falta de fiscalização de segurança aos prédios de uso coletivo (muitos deles públicos). Agora, sob o impacto do sinistro no Largo Paiçandu, promete-se levantamento das ocupações irregulares. É preciso que cada autoridade, na sua área de atribuição, assuma suas responsabilidades e atuem para resolver o problema. Será desumano se, por qualquer razão, especialmente por questões políticas, deixarem de agir para voltar a se manifestar somente quando outro sinistro do gênero vier a ocorrer. Acidentes previsíveis pode acontecer, é fruto de falta de responsabilidade e devem ser exemplarmente punidos.

Fonte: Dirceu Cardoso Gonçalves - Dirigente da Associação de Assist. Social dos Policiais Militares de São Paulo. - (Jornal Diário da Amazônia).


Nenhum comentário:

Postar um comentário