segunda-feira, 25 de junho de 2018

DEUS NOS FALA

Evangelho de Marcos 4, 26-34

Marcos nos testemunha com as palavras de Jesus a presença incontestável do Reino de Deus entre nós. É uma presença inicial, porém, não tanto perceptível aos ‘olhos humanos’. Por isso, o Mestre usa umas comparações para ajudar os ouvintes a ter a capacidade de discernir além da simples percepção do cotidiano. Em verdade, temos de reconhecer que não é fácil para o ser humano fazer uma experiência direta de Deus. Nesse sentido, esse gênero literário parabólico poderá ajudar a adentrar esse grande mistério, mas não pode substituir a nossa vontade de aceitar o desafio em contemplá-Lo. Interessante essa delicadeza de Jesus em revelar como essa presença de Deus inicia-se sempre de maneira humilde e simples (como a semente). Às vezes, eu vejo, como muitos cristãos buscam, no entanto, uma presença poderosa, majestosa, milagrosa de Deus na vida. Uma presença de muito barulho. Jesus insiste que é como uma pequena semente, uma vez jogada no chão, apodrece para depois grelar. Morre para ter vida. Como acontece isso o ser humano não sabe. Assim é o Reino de Deus, aparece independentemente de nós; a sua presença é garantida, quer queiramos ou não.

Porém, quase de forma escondida, e depois devagar vai se manifestando. Precisamos entrar urgentemente na escola de Jesus para apreender a discernir essa presença de Deus no dia a dia da nossa vida. Na verdade, se temos dificuldade enxergar uma presença de Deus ao começar a nossa vida cristã, certamente, diz Jesus, não podemos desanimar, porque teremos possibilidades com o tempo de enxergá-lo. É como uma plantinha que devagar vai se tornar uma árvore e, portanto, não pode ser escondida a sua visão. É questão de paciência, cada um tem o seu tempo para poder fazer esse encontro com o Reino de Deus. Além do mais, não sabemos nem o tempo da ceifadora ou da colheita dos frutos. Isto significa que não temos capacidade de avaliar como cresce o Reino de Deus entre nós. Porém, esse plano de salvação de Deus, nós temos a certeza que tem a ver conosco, mas, repito, conforme a realidade de cada um. É a fé que nos permite de enxergar tudo isso, unida a humildade e a pureza de coração. Nessa experiência podemos acolher os projetos de Deus na nossa vida, sem redimensioná-los aos nossos critérios. Desse jeito, enxergaremos as maravilhas de Deus em nós, pelo silêncio e humildade, pela pequenez e simplicidade. Com isso, a presença de Deus na nossa história é dada por certa, mas a questão é que precisamos de nos despojar de tantas maneiras de pensar e agir para nos abrir a um evento excepcional como esse. É a nossa pequenez de seres humanos que deve se abrir ao novo, à ação de Deus na nossa vida. Pergunto-te: até que ponto você se deixa questionar para viver algo que transcende o cotidiano?


Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestrado em missiologia e comunicação.


Nenhum comentário:

Postar um comentário