sexta-feira, 15 de junho de 2018

Luto

Você provavelmente pensou que alguém havia morrido, não é mesmo? O luto na nossa sociedade está bastante ligado à morte. Porém, ele acontece em muitas fases e momentos ao longo da nossa vida. Um trabalho perdido, o fim de um relacionamento, não passar em uma prova que se desejava muito, perder uma boa oportunidade, ou seja, o luto é um processo relacionado a perdas e separações.
Perdas são difíceis, algumas mais e outras menos. É costume, ao se consolar uma pessoa, dizer que aquele sentimento de tristeza e vazio que surge no primeiro momento vai passar. E nesse mesmo momento surgem grandes questionamentos e pensamentos incapacitantes como “Será que vai passar mesmo?”, “Não consigo suportar essa dor.”, “Agora minha vida não tem mais sentido.”, “Nunca mais vou ser feliz.”, além de sentimentos de culpa, insegurança, pessimismo quanto ao futuro e desesperança. 
O luto é um processo normal, é um reajuste de expectativas e da realidade. Pode ser um período curto ou longo, não há tempo predeterminado. É um momento de reconstrução de significados e cada pessoa tem a sua maneira de vivê-lo. O luto pode ter algumas fases, que não seguem necessariamente uma ordem, são elas a negação e isolamento, a raiva, a barganha, a depressão e por fim, a aceitação. Esses estágios não são obrigatórios, algumas pessoas passam por todos e, outras podem pular etapas, importante é que a sua evolução vá em direção à superação. Segue um breve resumo das cinco fases do luto:
• Negação e Isolamento: mecanismo de defesa temporário, recusa inicial a confrontar-se com a situação, serve para aliviar o impacto da notícia.
• Raiva: momento em que as pessoas externalizam a revolta que estão sentindo, tornam-se agressivas e há uma busca por culpados e questionamentos.
• Barganha: tentativa de negociar ou adiar os temores; busca-se firmar acordos com figuras que segundo suas crenças teriam poder de intervenção sobre a situação da perda, como figuras religiosas ou até profissionais de saúde.
• Depressão: Reativa – ocorre quando surgem outras perdas em consequência de uma perda maior. Por exemplo à perda por morte (perda de emprego, perda de papéis na família); Preparatória – momento em que a aceitação está mais próxima, as pessoas ficam quietas, repensando e processando.
• Aceitação: serenidade frente ao fato da perda; conseguem expressar de forma mais clara sentimentos, emoções, frustrações e dificuldades que as circundam. 

Esse período de enfrentamento pode gerar alterações psicológicas, fisiológicas, comportamentais e sociais. Por exemplo, dar vazão a transtornos psicológicos como depressão e ansiedade, dores musculares e problemas estomacais, surgimento de comportamentos agressivos ou de isolamento que resultariam na diminuição da aproximação de outras pessoas e consequentemente à perda de uma boa rede de amparo.
As perdas causam uma movimentação brusca no planejamento interno das pessoas, acarretando em desconforto e confusão, porém o luto deve ser reconhecido e vivido, é importante não reprimir os sentimentos para que adiante não se manifeste como outro sintoma. Os rituais são muito importantes nesse momento, pois possibilitam a expressão da dor através do choro, do grito e da busca por amparo, além de contribuir para a construção da lembrança do que foi perdido por meio de histórias e explicações lógicas.
Quando não superado, o luto deve ser tratado. O profissional ajudará a pessoa a reviver o momento da perda, possibilitando uma reconexão com suas emoções e pensamentos para então formular novas maneiras de compreender a perda e aprender novas formas de lidar com situações parecidas no futuro.

Fonte: Juliana Maria de Oliveira é Psicóloga, formada pela Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Especialista em Gestão Organizacional e de Pessoas pela Universidade Federal de São Carlos - UFSCar. Atende atualmente na clínica Fábrica de Competências em Porto Velho. (www.rondoniagora.com.br)


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