domingo, 22 de abril de 2018

O SENHOR É BOM CONOSCO!

Este salmo 84 das Sagradas Escrituras manifesta toda a alegria pelo fim do exílio de Israel na Babilônia e o reinício da sua vida na sua terra. Tanta felicidade! Leia atentamente o que diz o salmo:

"Fostes propício, Senhor, à vossa terra; restabelecestes a sorte de Jacó. A iniquidade de vosso povo perdoastes, foram por vós cobertos seus pecados. Aplacastes toda a vossa cólera, refreastes o furor de vossa ira. Restaurai-nos, ó Deus, nosso salvador, ponde termo à indignação que tínheis contra nós. Acaso será eterna contra nós a vossa cólera? Estendereis vossa ira sobre todas as gerações? Não nos restituireis a vida, para que vosso povo se rejubile em vós? Mostrai-nos, Senhor, a vossa misericórdia, e dai-nos a vossa salvação. Escutarei o que diz o Senhor Deus, porque ele diz palavras de paz ao seu povo, para seus fiéis, e àqueles cujos corações se voltam para ele. Sim, sua salvação está bem perto dos que o temem, de sorte que sua glória retornará à nossa terra. A bondade e a fidelidade outra vez se irão unir, a justiça e a paz de novo se darão as mãos. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará do alto do céu. Enfim, o Senhor nos dará seus benefícios, e nossa terra produzirá seu fruto. A justiça caminhará diante dele, e a felicidade lhe seguirá os passos."

O salmo reconhece que Israel precisa se converter, mas também que Deus retorna a defender o seu povo e a defendê-lo. Deus está presente na vida dele. Portanto, conversão e presença de Deus constituem a força da vida de Israel. E o povo eleito expressa assim a renovada presença de Deus: “Restabelecestes a sorte de Jacó... àqueles cujos corações se voltam para ele” (vv.2.9). A conversão leva a reconhecer a ação de Deus. Em seguida, o povo proclama: “Aplacastes toda a vossa cólera...” “Restaurai-nos, ó Deus, nosso salvador...” “Não nos restituireis a vida, para que vosso povo se rejubile em vós?” (vv. 4.5.7). É a partir dessa concepção que se define um novo mundo, um mundo onde o amor apaixonado de Deus e a sua própria fidelidade, encarnados nos fiéis, se juntam dando vez a justiça e a paz.

Essa grande verdade floresce dando vida e perfume ao ser humano; esse esplendor infinito vem do alto, vem de Deus para fazer reinar uma paz fundada na justiça e que nos leva à salvação. Segundo grandes padres do passado da Igreja Católica, esse salmo é um hino da paz, vinda com o nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Assim sendo, podemos dizer com toda certeza que esse salmo é um hino à esperança de um novo mundo onde os sabores das maravilhas tomam conta da vida. Deus assim inicia o seu reino justo que, porém, não pode faltar a colaboração do ser humano através da sua confiança e a sua participação de solidariedade.

Para compreender melhor isso, cito alguns trechos do papa Francisco que fez em uma pregação: “Paciência de Deus, proximidade de Deus, ternura de Deus.” Interessante essa determinação categórica do papa em relação a Deus. Continua ele: “A resposta do cristão não pode ser diferente da que Deus dá à nossa pequenez. A vida deve ser enfrentada com bondade, com mansidão. Quando nos damos conta de que Deus Se enamorou da nossa pequenez, de que Ele mesmo Se faz pequeno para melhor nos encontrar, não podemos deixar de Lhe abrir o nosso coração pedindo-Lhe: «Senhor, ajudai-me a ser como Vós, concedei-me a graça da ternura nas circunstâncias mais duras da vida, dai-me a graça de me aproximar ao ver qualquer necessidade, a graça da mansidão em qualquer conflito».”

Insiste Bergoglio: “O «sinal» é precisamente a humildade de Deus, a humildade de Deus levada ao extremo; é o amor com que Ele, naquela noite, assumiu a nossa fragilidade, o nosso sofrimento, as nossas angústias, os nossos desejos e as nossas limitações. A mensagem que todos esperavam, que todos procuravam nas profundezas da própria alma, mais não era que a ternura de Deus: Deus que nos fixa com olhos cheios de afeto, que aceita a nossa miséria, Deus enamorado da nossa pequenez. (...) O curso dos séculos tem sido marcado por violências, guerras, ódio, prepotência. Mas Deus, que havia posto suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava. Deus esperava. 

O tempo de espera fez-se tão longo que a certo momento, quiçá, deveria renunciar; mas Ele não podia renunciar, não podia negar-Se a Si mesmo (cf. 2 Tm 2, 13). Por isso, continuou a esperar pacientemente face à corrupção de homens e povos. A paciência de Deus... Como é difícil compreender isto: a paciência de Deus para conosco!” Terminando, é essa confiança em Deus que nos leva a ter perspectivas de vida maravilhosas.

Fonte:  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.


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