sexta-feira, 13 de abril de 2018

DEUS NOS FALA

Evangelho de João 20, 19-31

O Evangelho inicia dizendo: "o primeiro dia da semana". Isto significa que a ressurreição de Jesus inaugura a nova vida, a nova criação. João se refere a esse primeiro dia da criação do Gênesis, onde começa a vida. Agora a nova vida que Jesus nos proporciona é diferente, porque, vencendo a morte, nos dá a capacidade de superá-la. Continua o Evangelho narrando que os discípulos se achavam trancados no cenáculo, por medo dos judeus. Porém, o Mestre aparece a eles e deseja-lhes a paz. É um convite a se alegrarem, a ser felizes, porque Ele, o Messias, está vivo. Interessante notar que, quando os discípulos vivem sem a experiência de um Deus vivo, eles têm medo e são tristes. No entanto, quando Jesus lhes aparece, transformam-se, mudam aquela situação de medo em felicidade. Evidentemente, quem confere a verdadeira felicidade é a vida de Deus. Imagino quantos filhos e filhas de Deus buscam a felicidade em coisas efêmeras, mas isto é um percurso desgastante e ineficaz. Continua o Ressurgido mostrando o quanto os amou e ainda os ama. Consequentemente, convida-os a se tornarem colaboradores desse amor, enviando-os para testemunharem a todas as criaturas. É essa relação de amor que salva e nos dá vida. É nisso que consiste a nossa felicidade. Com certeza, sabendo o Mestre da dificuldade dos discípulos para cumprirem esse mandato soprou sobre eles.

Esse verbo se encontra já no começo do livro do Gênesis quando criou o homem. Ele, com essa ação de soprar, deu-lhe a vida, força para continuar o seu testemunho de amor. Um testemunho esse que deve fazer resplandecer a 'luz' do amor, e assim aqueles que estão nas 'trevas' devem se sentir atraídos. Às vezes, pergunto-me, por que muitas pessoas persistem nas coisas que não prestam, malvadas, horríveis? Será por que não enxergam a nossa capacidade de testemunhar essa 'luz' do amor? Aqui entra em cena o famoso discípulo Tomé, com a sua incredulidade. É interessante ver como Jesus lhe aparece não individualmente, mas comunitariamente, e propriamente na celebração da eucaristia (oito dias depois).

A eucaristia é, assim, o momento mais importante para a comunidade em que o amor recebido pelo Senhor se transforma em amor compartilhado com os outros. Nesse contexto, Tomé faz a grande profissão de fé: "Meu Senhor e meu Deus". Creio que a experiência de Tomé pode se tornar também a nossa,na medida em que podemos compartilhar esse amor com uma comunidade de amor que se deixa possuir por Jesus, o nosso Senhor. E conclui esse trecho do Evangelho com a bem-aventurança: "Felizes os que não viram e creram". Isto é diretamente para nós. O amor que se torna serviço nos permite de experimentar um Jesus vivo que anima a nossa vida. Essa é a nossa felicidade. Todos queremos isso e todos podemos conseguir.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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