segunda-feira, 16 de abril de 2018

Na Estrada: Entre Duas Paixões

Melhor que pegar a estrada com a sua moto é levar junto a sua "garupatroa"

Quando você está em sopa debaixo de um viaduto da Ayrton Senna esperando o temporal passar, quando tem que atravessar a bosta de Araguari e sua moto começa a soltar peças por causa daquilo que eles chamam de asfalto, quando você está derretendo dentro da jaqueta, luvas e botas numa reta que não acaba mais no meio do Paraná, quando você está voltando de um feriado prolongado e a Imigrantes está completamente travada. É nessas horas que você olha pelo retrovisor, vê a sua garupa e pensa: pô, a minha mina é muito firmeza.
Tudo bem, às vezes a gente reclama da quantidade de bagagem que elas insistem em levar numa viagem de fim de semana. A gente reclama que elas querem parar a cada 30 km pra fazer xixi. A gente reclama quando elas reclamam da nossa velocidade. A gente reclama quando a bota delas marca o Vance Hines cromadão que você gastou os tubos pra comprar. 
A verdade é que a gente tem que tirar o capacete para as nossas garupas. É de se admirar as que enfrentam a estrada muitas vezes sem um banco conforto porque o bonitão gastou toda a grana com o escapamento, o guidão e a jaquetinha. É um baita prazer quando você fala em fazer um rolê e percebe que ela é a primeira a subir na moto. Isso é parceria. 

Mais que embelezar o rolê, as garupatroas são o nosso ponto de equilíbrio, o nosso norte e, às vezes, até o nosso GPS. Elas cuidam para que você se mantenha hidratado, insistem para que você passe filtro solar, acendem o seu cigarro, pagam os pedágios, controlam a sua alimentação para você não entupir as suas artérias com colesterol e até mostram detalhes da paisagem que passariam despercebidos por você. Ainda mais se usarem um intercomunicador, a viagem fica muito mais bacana (a não ser que só o microfone dela funcione, como um casal de amigos que mora em Ceres/GO; ele foi de lá até o Chile ouvindo TUDO o que ela falava/reclamava e ele não podia nem responder). 
Brincadeiras à parte, acredito que casal que viaja unido permanece unido. Sigo no Instagram vários perfis de casais que rodam pelas estradas do país todo. Além de muitos seguidores, eles acumulam milhares de quilômetros de belas fotos, lugares e histórias. Na maioria das vezes são sempre elas que fotografam e escrevem os textos com aquele olhar especial que só as mulheres possuem. 
Mas cuidado: o seu hobby pode se tornar o dela também. Conheço inúmeras garupatroas que deixaram de ser garupas e se tornaram pilotos melhores que seus próprios maridos. Por isso, atenção redobrada, pois além de ficar sem garupa você pode ficar sem moto.
Seja no frio congelante ou no calor dos infernos, contar com o companheirismo da sua garupatroa torna todo o rolê melhor, mais bonito e mais seguro. Afinal, todo motociclista fica em paz entre seus dois grandes amores.

Fonte: Tiago Feliziani nasceu em 1981 na cidade de Sorocaba/SP. É publicitário, redator, escritor e motociclista, e vai viajar de férias com a garupatroa e volta a escrever aqui em maio.

 



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Fotos: Arquivo Pessoal
Fonte: Equipe Moto.com


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