sexta-feira, 16 de setembro de 2016

A fragilidade da vida e o último suspiro

Estou chocada com a fragilidade da vida. Tem tanta gente que desperdiça tempo com tantas coisas miúdas, insignificantes, sem valor diante da grandeza da vida, que nada mais é do que um sopro. Agora estou, neste exato momento, escrevendo com o coração muito triste, este post, daqui a alguns segundos não estou mais, não sou mais e deixei de fazer tanta coisa. Deixe de dizer o quanto algumas pessoas foram importantes para mim. Eu sei tanto como é este sentimento, porque meu pai morreu aos 48 anos de idade, assim em um sopro: - "Vou ali pegar minhas filhas e já volto...". Mas, nunca mais mais voltou. Nunca mais. Esta expressão é pesada demais. Entretanto, é importante para que possamos refletir sobre o sentido de nossas vidas. Amar mais, respeitar mais o outro, ter mais tempo para a família, os amigos. Ter mais tempo para ser feliz e dizer a quem está perto de você, a todo instante, "Eu te amo"; "Como admiro seu trabalho"; "Quero que você sabia do quanto você me faz feliz", porque, senão, chega este último suspiro, sem avisos, despedidas, nem "fica um pouco mais" "está cedo, toma mais um cafezinho". Como é triste morrer e mais ainda sentir a morte de alguém. Como é triste não poder dizer adeus. Há 30 anos, faz em novembro deste ano, que estou com meu "adeus, painho, te amo muito, qualquer dia a gente se encontra" entalado na garganta. Nessa hora, não tem palavras, não tem conforto, não tem nada. É o único momento que realmente paramos para refletir e descobrimos que não somos nada, que não somos eternos e muito menos donos do nosso destino. Agosto foi um dos meses mais difícil para mim porque perdi para o último suspiro pessoas as quais admirava muito. Perdemos, aqui, em Rondonópolis, a maior voz do rádio mato-grossense, que entrava todo dia de manhã em nossa casa e nos contava das notícias do Brasil, da cidade, um pouco da vida, um dedo de prosa e se desse uma moda de viola. O impacto foi tanto, que meu silêncio gritava e não conseguia dizer nada, por mais de um mês. Mas, Antonio S. Rocha Filho, o nosso Antonio Carlos da Rádio Clube sabia da minha admiração por ele. Adriana Rodrigues, sua linda esposa, sabia o quanto todos da cidade o amavam. E ela também sabe do quanto está doendo e do quanto nossas manhãs ficaram mais tristes. De alguma forma, Adriana e seus filhos tiveram a oportunidade de dizer alguma coisa. Entretanto, muitos ouvintes fiéis do Programa Rondonópolis Verdade não pode fazer aquela ligação e dizer: -"Antonio Carlos, seu programa é maravilhoso". Encontrei pessoas de todos os níveis de escolaridade, de diversas classes sociais, homens e mulheres chorando muito. Nem sei se Adriana sabe da dimensão do quanto Antonio Carlos era amado pelo povo de Rondonópolis. A súbita partida (a morte de Domingos Montagner) desse ator incrível, talentoso, lindo e de sorriso encantador fez me lembrar de Antonio Carlos, porque, hoje à noite, o Velho Chico vai estar muito triste, gritando de dor em silêncio, sem a voz nem a beleza de Domingos Montagner. Meus sinceros sentimentos à família, aos colegas e a nós, fãs, que também sofremos muito com despedidas deste tipo tão brutal. Voa, Santo dos Anjos, para o Portal Celestial com a mesma alegria e doçura que você nos encantava.


Fonte: Edileusa Pena - Professora da Universidade Federal de Mato Grosso / Campus de Rondonópolis.

Um comentário:

Blog do Chaddad disse...

Comentário realizado pela Senhora Adriana Rodrigues, esposa do Senhor Antônio Carlos:
Edileusa querida... as minhas manhãs também não são as mesmas. As minhas tardes também não e minhas noites muito menos... todos os dias vejo e percebo o quanto meu marido foi querido, admirado e respeitado. Não há um dia sequer que não agradeça a Deus por ter permitido que meu caminho se cruzasse com o dele e principalmente que o dele cruzasse com o de todos vcs, ouvintes, admiradores e acima de tudo amigos. E agradeço ainda a oportunidade que tivemos de, em vida, poder termos vivenciado todo esse carinho e respeito que sentiam por ele. Constatávamos isso pelas postagens que fazíamos... quando saíamos na rua... quando ele fazia o programa... Em todas as manifestações de carinho que sempre recebemos... Sempre encaramos tudo com muita leveza e brincávamos que, se um dia ele morresse (rs como se essa possibilidade não existisse rs) seu velório provavelmente seria super movimentado rs. E assim foi... E sei que ele sabia disso...
Não há um momento sequer do meu dia em que eu não esteja pensando nele... Acordo (quando consigo dormir) e "caio na real" quando vejo que ele não está do meu lado... Me dói na alma quando vou sair pra trabalhar e o jornal ainda está na garagem, pois durante 22 anos ele o recolheu num ritual impecável... Quando chego pra almoçar um nó me atravessa a garganta... Uma mistura de náusea e choro "entalado"... E por aí vai o meu dia...
Quando me perguntam como estou apenas me limito a dizer que "tudo bem"... Que estamos bem e seguindo em frente...
Ao deitar todas as noites rezo com meus filhos pedindo a Deus que nos mantenha Unidos e fortalecidos sempre. E novamente a noite procuro o sono, que nem sempre vem... E como em vc, também me dói pensar nas coisas que "nunca mais" faremos e que "nunca mais" diremos... Me conforta, e é nisso que busco forças, me lembrar de tudo que foi dito, de todos os Abraços que foram dados, e de todos os momentos de riso e de alegria que vivemos...
A vc Edileusa Regina Pena me resta dizer muito obrigada pelo carinho de sempre... E aos demais, que não permitam que a vida passe em vão... A vida é muito frágil...

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