A nova fase da investigação da Operação Lava Jato, batizada “Vidas Secas - Sinhá Vitória”, encontrou evidências de desvio de R$ 200 milhões das obras de transposição do rio São Francisco. A operação da Polícia Federal (PF) se estendeu pelo Ceará e também por Pernambuco, Goiás, Mato Grosso, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Bahia e Brasília. Pelo menos um mandado de prisão foi enviado ao Ceará, segundo o site de notícias G1.
Ainda não foi revelado à imprensa quem seria o suspeito procurado no Estado. Já se sabe, entretanto, que o presidente da construtora OAS, Elmar Varjão, e outros três executivos da Coesa Engenharia, Barbosa Melo e Galvão Engenharia foram presos temporariamente ontem.
De acordo com investigadores, os envolvidos utilizaram empresas de fachada para desviar pelo menos R$ 200 milhões através de superfaturamento das obras. Os contratos investigados, até o momento, são de R$ 680 milhões.
Em Pernambuco, agentes federais confirmaram que as empreiteiras utilizaram as empresas do doleiro Alberto Youssef e do operador Adir Assad para maquiar os desvios. Dentre elas a MO Consultoria, de Youssef, e a Legend Engenheiros, que pertence a Assad. Ambos estão presos em Curitiba. O doleiro relatou os pagamentos de suborno pela OAS em seu acordo de delação premiada.
A PF apontou também a participação da empresa JD Consultoria, pertencente ao ex-ministro José Dirceu (PT). Todos foram alvos da Operação Lava Jato e estão presos por participarem do esquema de corrupção na Petrobras.
“Foi constatada a transferência, em determinado momento, da Galvão Engenharia no valor de R$ 586 mil para a JD Assessoria”, afirmou Marcelo Diniz, superintendente regional da PF em Pernambuco.
O grupo Galvão nega ter conhecimento de detalhes da investigação, mas afirma estar disposto a “colaborar para que tudo seja esclarecido”.
A OAS classificou como “desnecessária” a prisão de Elmar Varjão e disse ter fornecido tudo que a PF pediu. O advogado da Barbosa Mello, Leonardo Bandeira, afirma que o executivo preso é ex-gerente da empresa. O advogado de José Dirceu, Roberto Podval, disse que seu cliente recebeu por consultorias que prestou à Galvão.
Investigação
Ao todo, além das 4 prisões, a PF cumpriu 24 mandados de busca e apreensão e 4 de condução coercitiva. Nas diligências, os investigadores apreenderam computadores, mídias e documentos técnicos como mapas e boletins de medição. A PF pretende reunir elementos que também comprovem irregularidades cometidas pela Ecoplan, responsável pela assessoria técnica da obra, e pelas empresas Concremat e Arcadis, do consórcio responsável pelo gerenciamento de todas as obras da transposição.
A construção dos canais dos eixos norte e leste da transposição do Rio São Francisco, investigados pela Vidas Secas, já consumiu R$ 6,5 bilhões em recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) desde 2008.
Fonte: O POVO
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