O governo federal e o Congresso Nacional fecham os olhos para as maracutaias recém-descobertas pela Polícia Federal na Hemobrás.
No Plano Plurianual de investimentos para o quadriênio 2016-2019, o Planalto reservou R$ 2,6 bilhões no plano de “fortalecimento do SUS” para o órgão onde há fortes suspeitas de fraudes em variadas licitações.
Serão R$ 700 milhões para a “implantação da Indústria de Hemoderivados e Biotecnologia”. Ou seja, a nova sede, com conclusão prevista para dezembro de 2017.
A fábrica de Recombinantes terá custo R$ 1,92 bilhão, com término previsto para dezembro de 2022.
O Plano Plurianual 2016-2019 aprovado pelo Governo e referendado pelo Congresso Nacional é digno de uma lupa policial: uma peça de piada pronta, acinte à inteligência do cidadão e provocação às instituições que fiscalizam o dinheiro público.
Entre alguns dos principais projetos destacam-se a destinação de R$ 14,8 bilhões para a implantação da Usina Nuclear Angra III (sim, após duas décadas ainda está em construção, com previsão para conclusão em 2018), além de R$ 613 milhões para o novo complexo do Instituto Nacional do Câncer, no Centro do Rio.
É para o mesmo Inca que o governo não tem dinheiro para manter a única máquina de radioterapia para combater câncer de mama.
O governo ainda fecha os olhos para o recente escândalo policial na Hemobrás: prevê R$ 2,7 bilhões para obras do novo complexo.
O ex-deputado Luciano Castro (PR), secretário de Transportes do Mato Grosso, usou de seus contatos e conseguiu incluir três rodovias para Roraima, sua terra natal. Duas delas curiosamente têm o mesmo preço: R$ 314 milhões.
A Universidade Federal de Bauru (SP), prometida há anos e cuja criação depende de Projeto de Lei que vagueia na Câmara desde 2013, tem reservados R$ 300 milhões. Embora o MEC não tenha dinheiro para contratar professores.
Os valores para o complexo do Inca, de Angra III e das rodovias – uma pequena amostra do amontoado prometido de obras – trazem uma certeza: não há preocupação com equipamentos e pessoal especializado. O negócio é dar dinheiro para as empreiteiras.
Previsto na Constituição, o PPA, organizado pelo Ministério do Planejamento numa interface com outros órgãos, prevê o cronograma de investimentos de até quatro anos.
Até há poucas semanas bajulado por líderes partidários do Congresso Nacional, senadores e lobistas, com fila na porta, o ainda senador Delcídio do Amaral (PT-MS) não recebeu visita de nenhum colega na cadeia – além dele, o PT tem mais 13 mandatários na Casa Alta.
Apenas um pequeno grupo de deputados estaduais do Mato Grosso do Sul, aliados fiéis da base eleitoral, passou pela cela da Polícia Federal para um papo. O petista foi transferido para uma sala no quartel general da Polícia Militar do Distrito Federal.
Acusado de maracutaias em contratos de empresas com a Petrobras, Delcídio foi detido sob acusação de tentativa de obstrução da Justiça em investigações no processo da operação Lava Jato, após ter conversa gravada pelo filho do ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró.
Ele já foi diretor da empresa na gestão do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, e na Era Lula é apontado como um dos principais padrinhos do ex-diretor Ceveró, também preso.
Um interlocutor muito próximo avisou à Coluna que ele será novamente bajulado. Em questão de dias. Delcídio fechou delação premiada com a Justiça Federal.
Fonte: Coluna Esplanada - Brasília /DF
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