quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

COLUNA DO HERÓDOTO - Soluções Caseiras

Não se pode descartar os grandes avanços científicos do história da humanidade . Ele é responsável por conquistas notáveis, e uma delas é a longevidade. Segundo o cientista Andrew Simpson, entrevistado no Jornal da Record News, vai ser comum, na próxima geração, pessoas viverem mais de cem anos. Há investimentos gigantescos em pesquisa e empresas poderosas transformam esses avanços em negócios. As pequenas start ups encontram brechas no mercado e apresentam soluções técnicas para problemas e novos negócios. Algumas também viram gigantes, tal o sucesso do produto ou o processo que descobriram. Há inúmeros exemplos. Na conformação da economia capitalista atual os investidores buscam bons retornos de seus capitais aplicados em empresas que empreendem e inovam. As farmacêuticas ficam cada vez maiores e chegam mesmo a monopolizar medicamentos caríssimos. Por isso, o que se gasta nos últimos dois anos de vida é mais do que se dispendeu em boa parte da vida. A busca pela eficiência, menor custo, maior retorno do capital investido derrubou barreiras e fronteiras. Era inimaginável, na era da Guerra Fria, que foguetes russos pusessem em órbita astronautas de outros países porque oferecem segurança e preços mais baratos nas passagens.
  Há soluções que não passam pelos milionários negócios corporativos. Uma delas foi aplicada na pequena cidade de Itapetim, 400 km de Recife, em Pernambuco. Até ser descoberta por um repórter da BBC Brasil, pouca coisa se sabia dela. Seu slogan é “ Ventre Imortal da Poesia”. Ficou conhecida nacionalmente porque 13% das casas eram infestadas do mosquito aedes aegypti. Ele é o responsável pela propagação de doenças como a dengue, febre amarela,  febre zika e  chikungunya . É suspeito de provocar uma outra doença degenerativa e mortal. O índice ideal de infestação do pernilongo rajado, como é conhecido na região,  é de um por cento, mais de 3% o município é considerado área de risco. O agente de saúde local, Edinaldo Holanda, resolveu colocar em prática um estudo realizado no norte do país. Um peixinho, a piaba, é um esfomeado comedor de larvas do aedes egypti. Solto em caixas d´água, cisternas, depósitos, reservatórios fechados, tonéis abertos  não deixa uma larva se quer. Em pouco tempo o índice de contaminação da pequena Itapetim estava em 1,2%. Um avanço para a saúde e a segurança de seus moradores. Uma vitória da criatividade.
  A simpática piaba presta um serviço relevante, custa pouco e é fácil de ser obtida e reproduzida. Não precisou de grandes investimentos, inaugurações políticas custosas de barragens e criadouros dos peixes, propaganda na mídia bancada pelo contribuinte e outras ferramentas tradicionais. Imaginação, determinação, sentido de interesse público, crença na ação coletiva e cidadania permeiam essa ação de saúde. Há outros exemplos, com o soro caseiro, desenvolvido a partir de uma ação liderada por Zilda Arns que  foi responsável pela salvação de milhares de crianças que morriam de diarreia. Um simples soro de água e sal, feito em casa, ao alcance das populações pobres do pais. O combate do mosquito da dengue precisa de um exército formado de cidadãos organizados em sociedades amigos de bairros, igreja, ongs, sindicatos, quartéis, empresas e toda forma de organização social. A responsabilidade não é do estado, é do cidadão. Sozinho o poder público perde essa batalha ainda que jogue inseticida e polua o meio ambiente. Não é suficiente. É preciso que as pessoas fiscalizem as suas casas e impeçam que qualquer recipiente de água permaneçam,precisam ser  despejados ou arejados para não se tornar em um criame do mosquito da dengue e de outras doenças . Ele é um agente da pobreza, por exemplo, no litoral ameaça moradores, espanta os turistas, ajuda a aprofundar a crise econômica e o ganha pão de pequemos prestadores de serviço. Boas ideias podem tanto brotar de custosos laboratórios como de ações simples e eficientes.
Fonte: Coluna do Heródoto Barbeiro - Record News / SP



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