sábado, 14 de fevereiro de 2015

COLUNA DO HERODOTO

 LIVRE CONCORRÊNCIA
O programa de substituição de importações foi considerado um salto na história econômica do Brasil. Ele aliviaria a balança comercial que vivia negativa. O Brasil era um pais situado na periferia do capitalismo e por isso sofria de um mal estrutural. Importava produtos manufaturados, com alto valor agregado e exportava matérias primas, ou produtos agrícolas. Café, açúcar, fumo, minério de ferro, ou seja de baixo valor agregado. O Brasil precisava proclamar a sua independência econômica  e para isso necessitava  produzir as mercadorias que consumia. Com isso criaria empregos, desenvolveria tecnologia própria e aliviaria a deficitária balança comercial. A causa foi abraçada por nacionalistas de todos os matizes. Dos que queriam frear a presença imperialista em Ibirapitanga à  burguesia travestida em capitães de indústria. Sonhavam solidificar um capitalismo essencialmente nacional.
  Até os liberais aceitam a participação do Estado na economia. Isso vem dos velhos pensadores clássicos . Onde não houvesse capital privado suficiente, ou o investimento era de muito longo prazo, o Estado era chamado para atuar. Contudo era subsidiário de uma dinâmica eminentemente privatista. De certa forma isso se deu no Brasil, com os investimentos na indústria de base, enquanto os investidores privados abriam fábricas de transformação. Recebiam os insumos baratos, muitas vezes subsidiados, e construíram impérios. O ônus dessa política era da população que pagava imposto para que o país se tornasse uma potência industrial e não mais produtora apenas de matérias primas. Hoje conhecidas como commodities . Era uma forma mais sofisticada de socialização das perdas.
  As condições  dessa política eram tão favoráveis que as transnacionais logo chegaram. O setor mais visível foi o da indústria automotiva. Ela se beneficiou não só de insumos subsidiados como de isenções fiscais, empréstimos a longo prazo com juros baratos e um verdadeiro arco protecionista. O melhor dos mundos para essas empresas. Em troca produziam veículos “nacionais” . É verdade que muitos deles eram antigos e fora de produção em seus países de origem, mas era compensador. Elas recebiam royalties e pagamento pelo ferramental importado. De certa forma a substituição das importações atendeu ao nacionalismo econômico, ainda que os parceiros nem sempre eram originários da Terra de Santa Cruz. O setor industrial se fortaleceu a ponto de ter uma participação decisiva na condução política do país, só ultrapassado recentemente pelo agro business. Ou agro negócio?
Fonte: Herodoto Barbeiro - São Paulo/SP


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