domingo, 15 de fevereiro de 2015

A Arte da Prudência

Nunca chegar ao rompimento.

Baltasar Gracián
Ou sua reputação ficará arruinada. Todos dão bons inimigos, mas poucos são bons amigos. Poucos são capazes do bem, e quase todos do mal. No dia em que rompeu com o escaravelho, nem a águia se sentiu segura aninhada no peito de Júpíter*. Ao romper, pela mão dos inimigos declarados, atiçará a ira dos dissimulados, que aguardavam a oportunidade. Os amigos que ofendemos se tornam os nossos piores inimigos: nos atacam com seus próprios defeitos associados aos nossos. Os outros, ao nos ver reomper com alguém, falam conforme o que sentem e sentem conforme o que desejam. Criticam a todos, quer no início da amizade, por falta de prudência, ou no fim, por ter esperado tanto tempo. Se for inevitável o rompimento, que seja desculpável: antes com a frieza de fav ores que com uma explosão violenta. É aqui que vem a calhar a máxima sobre retiradas elegantes** 

* - Alusão à fábulada águia e do besouro, de Esopo.
**- Aforismo ( Deixar o jogo enquanto estiver ganhando)
Fonte: Do Livro Arte da Prudência / Baltasar Gracián


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