sábado, 24 de janeiro de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de S. Marcos 1, 14-20

O verdadeiro cristão sempre se questiona. Nunca pode dizer que está satisfeito da sua vida cristã, porque seu único Mestre - Jesus - sempre o interpela para alcançar uma vida de plenitude. Assim inicia o evangelista Marcos: “Depois que João foi preso, Jesus dirigiu-se para a Galileia. Pregava o Evangelho de Deus, e dizia: O tempo está cumprido e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho”. Marcos começa o evangelho dizendo que o tempo de Deus está próximo. Portanto, convida-nos a uma mudança tempestiva de vida. Não podemos ser sempre os mesmos. É urgente uma transformação em nosso modo de viver. Uma nova maneira de organizar a vida e, por que não, um novo modo de pensar Jesus e a manifestação de Deus. Vejam bem: quando nós esperamos alguém importante para nossa vida, fazemos sempre algo para nos preparar, mudando aspectos rotineiros, cotidianos. Da mesma maneira, temos de agir com o nosso Deus. De fato, o evangelista nos diz que, no começo de sua vida pública, Jesus nos convida a reconhecer, humildemente, nossa situação de pobreza e carência interior, para apostar na boa notícia de Deus.

É Ela (a Boa Nova) que nos dá alegria e vida. É entrando nessa lógica que poderemos compreender o quanto é importante conhecer todo o Evangelho. E conhecer não quer dizer simplesmente fazer uma boa leitura, mas meditar sobre o texto, compreendê-lo, contemplá-lo. O Evangelho não é uma leitura qualquer. Continuando, o evangelista nos conta como foi o chamamento dos primeiros discípulos: “Passando ao longo do mar da Galileia, viu Simão e André, seu irmão, que lançavam as redes ao mar, pois eram pescadores. Jesus disse-lhes: ‘Vinde após mim; eu vos farei pescadores de homens.’ Eles, no mesmo instante, deixaram as redes e seguiram-no.”

Nesse sentido, a Palavra mostra como Jesus toma a iniciativa de chamá-los, na total gratuidade. E esta chamada é bem radical, porque eles deixam pai e trabalho. Isto significa largar a própria família e a profissão, e recomeçar tudo de novo, com novo modelo de vida. Isto é conversão. Eu me pergunto: como nós vivemos a nossa vocação de cristãos? Temos a coragem de viver a radicalidade da nossa condição de filhos e filhas de Deus? Além do mais, se existe uma chamada, há de ter uma resposta. De fato, os discípulos logo seguiram o Mestre. Isto é, foram logo disponíveis a segui-Lo. Quer dizer que não podemos pensar em dar um tempo para pensar e avaliar se vale a pena fazer essa opção.

Precisamos urgente dar uma resposta também. E o seguimento de Jesus leva o discípulo a aprender um novo conceito e prática de vida. Seguir é dinamicidade em transformar e viver a vida. Como consequência de tudo isso, Jesus propõe que os discípulos sejam “pescadores de homens”. Viver a vocação cristã tem sempre a característica de abertura aos outros. Não podemos ser cristãos
sozinhos, mas temos que ir ao encontro dos outros. Isso inclui uma caminhada missionária em que Jesus é o centro de tudo. O discípulo, assim, torna-se fiel e submisso ao projeto do Mestre. É a nossa vocação que se diferencia das outras vocações profissionais da vida social. Concluindo: conversão, fé e seguimento fazem parte da mesma realidade. É o apelo dirigido ao ser humano para seguir Jesus que é tempo da boa notícia, isto é, Reino de Deus. Neste novo ano é urgente para todos nós, de verdade, se deixar atrair pela boa notícia de Jesus.

Fonte: * Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação E-mail: clpighin@claudio-pighin.net

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