segunda-feira, 23 de março de 2020

RESENHA POLÍTICA

MENTIRA - As versões dadas pelo governador coronel Marcos Rocha e pelo seu Secretário de Educação Suamy Vivecananda, em face à censura dos livros clássicos da literatura brasileira, são tão absurdas quanto o ato da violência em mandar recolher as obras. Primeiro alegaram que a notícia era uma Fake News – bordão que os governistas adotaram para se esquivar de explicar fatos -, segundo, desmentidos pela lista de autores censurados que a mídia conseguiu acesso, inventaram a desculpa esfarrapada de uma suposta conspiração de “fogo amigo”. Por último, anunciaram à imprensa que era uma lista prévia e sem assinatura. Lorota. Diz o adágio popular: mentira tem pernas curtas.
OBSCURANTISMO - A lista com as obras censuradas existe, foram listadas como “inadequadas” ao ensino médio, embora façam parte da bibliografia dos exames vestibulares. O coronel, nas redes sociais, na maior desfaçatez, abordou o assunto de forma reflexa e voltou a repetir aquele discurso atrasado dos seus gurus ideológicos sobre leituras impróprias para as crianças com menção a sexo, entre outras.
COGNIÇÃO - Pura desfaçatez do coronel, aliás, aguardou dois dias, escondido e calado, para abordar a crise, porque o ensino fundamental está a cargo municipal. O médio, que é o caso, é de responsabilidade estadual e os adolescentes devem e têm que ler toda a literatura disponível para formação cultural e pessoal. Não há registro de obra, a exemplo de Kama Sutra, na grade curricular estadual que exija uma comissão de “notáveis” para censura prévia. A lista da Seduc revela algo pior: não conhecem as obras, caso conheçam, leram a versão em sânscrito, o que teria complicado o entendimento cognitivo dos censores.
TREVAS - Tão grave quanto a censura em si, é a outra versão de que o titular da pasta, professor Suamy Vivecananda, não sabia quais as obras que constavam da lista a ser indicada como inapropriada para os alunos da rede estadual. Euclides da Cunha – militar, jornalista e engenheiro foi o primeiro a se embrenhar pelos sertões para escrever a memorável reportagem que virou best seller - Os sertões-, Mário de Andrade com nosso herói mau caráter eternizado na obra Macunaíma e o clássico americano escritor Edgar Allan Poe, entre tantos outros. Não há desculpa, perdão ou como minimizar os fatos que ensejaram nessa estúpida lista. Em O Corvo, Allan Poe tasca: " 'Tens o aspecto tosquiado', disse eu, 'mas de nobre e ousado, Ó velho corvo emigrado lá́ das trevas infernais!' " Ao instituir uma comissão censora, Suamy optou por endossar as trevas, negando o seu currículo de professor em tempo de João Bento. Amenizar tal opção é tolerar o intolerável. Pouco importa o autor da famigerada lista, temos que repudiar é sua existência para que nunca mais tamanha calhordice seja aceitável, especialmente por quem se julga educador.
REVOADA - Em trinta dias começam as mudanças dos partidos pelos prováveis candidatos às eleições municipais de outubro. Já há muita gente apalavrada para mudar de partido e, em off, a coluna descobriu que o PP, MDB e PSDB vão ser a legendas que sofrerão as maiores baixas. Prefeitos, vereadores e caciques estão de malas prontas para trocar de partido.
INDECISÃO - Há uma expectativa em relação ao anúncio da eventual confirmação do prefeito da capital na candidatura à reeleição. É verdade que Hildon Chaves ainda resiste em definir a candidatura e prometeu decidir após o carnaval. Acerta no pule de dez que nem no carnaval, nem na quaresma o prefeito da capital anuncia sua decisão. Caso cometa este erro primário, antecipa o processo ou sela o fim da sua administração. A indecisão faz parte do jogo, saber jogá-lo é coisa para profissional. Quem diz que é candidato hoje, não é amanhã. O inverso também é verdadeiro. Na política o imprevisível, às vezes, é de uma previsibilidade atroz.
DESCARTÁVEIS - Já há muitos pré-candidatos a prefeito que exageram com seus embustes nas mídias digitaisNo Face, por exemplo, aparece cada figura fazendo todo tipo de bobagem para aparecer. Até as convenções as pré-candidaturas são estimuladas pelos caciques para atender aos interesses inconfessáveis desses dirigentes partidários. Nas convenções, quando os interesses pessoais sobrepõem, alguns desses inocentes úteis (pré-candidatos) são descartados sem muito pejo. Quem é do ramo da política sabe: candidato de verdade é aquele que tem um partido para chamar de seu.
Fonte: Jornalista Robson Oliveira/ Porto Velho-RO.

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