Certamente você recebeu no WhatsApp, viu no Facebook ou no Youtube, uma porção de vídeos com motociclistas adaptando flutuadores em pneus de moto. A ideia é inserir o macarrão de piscina dentro do pneu para torná-lo resistente a furos, uma preocupação constante de muitos – especialmente em modelos de baixa cilindrada e rodas raiadas. Pode até cumprir o papel por algum tempo, mas será que vale a pena?
Conversamos sobre o assunto com um especialista. Quem nos atendeu foi Luiz Felipe Alves, responsável técnico por competições de moto na América Latina pela Pirelli. O engenheiro mecânico falou em tom de utilidade pública, preocupado com os possíveis perigos (desnecessários) que podem ser gerados por essa ‘solução criativa’.
Macarrão de piscina em pneu de moto. Será?
De antemão, Luiz comentou que nenhuma marca fez testes com o produto em pneus e que, logo, não há qualquer prova de que a adaptação seja eficiente. “O flutuador é foi pensado para a água, num ambiente completamente diferente de um pneu. Numa moto, ele irá encarar atrito em tempo integral, diferentes impactos e altas temperaturas que chegam com facilidade aos 80 graus. Provavelmente irá esfarelar e pode acontecer muitas outras coisas”, explica.
Tipo um mousse, só que mais barato
Provavelmente, a ideia de utilizar macarrão de piscina em pneus de motos tenha surgido como uma alternativa ao mousse, produto utilizado em modalidades como enduro e rali. “Aí é outra história. O mousse é fruto de um trabalho extenso, um anel butílico com uma estrutura de colmeia que substitui a câmera de ar, fazendo a função de calibragem do pneu. É projetado em material específico para sofrer impactos e perfurações, mantendo a pressão e a estabilidade da motocicleta”, comenta Luiz.
Então dá para usar um mousse numa moto de rua? Não. “Até o mousse tem suas limitações, na área térmica, principalmente. Se rodar por muito tempo em altas velocidades, como acima dos 130 km/h, ele pode iniciar um processo de degradação, de esfarelamento. Além da velocidade superior, as motos de rua trabalham com pneus em calibragens muito maiores e carregam mais peso, garupa, bagagens etc. Usar um mousse numa moto comum é inviável”, argumenta o engenheiro.
Alternativas
E o run flat, aquele tipo de pneu desenvolvido para carros que, mesmo sem pressão de ar, pode rotar até 80 quilômetros… tem alguma versão pensada para motos prestes a chegar no mercado? Também não. A grosso modo, trata-se de um tipo de pneu com as paredes muito mais rígidas que o modelo convencional e, assim, elas impedem que o aro toque o chão caso o produto perca pressão.
Entre os ‘poréns’ do produto, vale lembrar que a tecnologia muda completamente o comportamento dos pneus ao serem expostos a impactos. Por fim, nas motos outro limitador técnico seria a capacidade de inclinação. “Até agora nenhuma fabricante chegou ao desenvolvimento de algo similar para motocicletas. Não podemos dizer que é impossível, mas sim pouco viável tecnicamente, até mesmo pelo custo do projeto e preço que o produto chegaria ao mercado”, comenta Luiz Felipe.
Sem macarrão de piscina, mousse ou run flat. O que fazer?
Infelizmente, não há milagre para erradicar o risco de ter um pneu furado e ficar pelo acostamento com sua moto. E, como vimos, usar macarrão de piscina em pneus está longe de ser uma boa ideia. Porém, existem uma série de produtos desenvolvidos com o objetivo de auxiliar neste momento, como reparadores e selantes para pneus furados.
“O melhor amigo do motociclista continua sendo a prevenção. A moto é um veículo que está sujeito a muitas forças e por isso precisa estar sempre em boas condições. O básico, como calibragem dos pneus indicado pelo fabricante da motocicleta, assim como acompanhar o índice de desgaste dos mesmos, o estado dos freios, rolamentos etc. A Pirelli também não recomenda qualquer tipo de reparador ou selante de pneu”, completa o técnico da Pirelli.
Fonte: Guilherme Augusto - Motonline. com.br
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