terça-feira, 24 de março de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 12, 32-48

Já sabemos, pelo ensinamento de Jesus, que o Reino de Deus tem um início humilde e pequeno. É como uma semente que jogada no chão apodrece e depois grela e cresce. Assim é o pequeno rebanho que segue Jesus. Eles são os destinatários do Reino de Deus. São poucos, mas autênticos. Deus aposta neles. E para tanto eles precisam retribuir da mesma maneira; não se deixar atrair pelos bens e tesouros terrenos que não têm futuro.

Apostar no Reino de Deus significa se concentrar na lógica dele e se deixar guiar por ela. Tudo isso requer paciência e humildade, porque os tempos de Deus não são os nossos. Por isso, temos que nos revestir de atitudes que saibam discernir a espera. Uma espera que caracteriza o cristão a ser vigilante. Isto comporta não se deixar levar pelos ‘sonos da vida’: interesses egoísticos ou distrações por aquilo que é relativo da vida terrena. Muitas vezes passamos a maior parte dos nossos dias concentrados naquilo que tudo passa e nada fica. É aqui que o nosso Mestre nos chama atenção a sermos sábios.

Esta sabedoria é “como homens que estão esperando o seu senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta.” Nisso consiste a verdadeira felicidade: estar prontos a qualquer hora da nossa vida para recepcionar o nosso Senhor. O nosso papel é de recebê-lo, e nada mais. Para tanto, precisamos estar “com os rins cingidos e com as lâmpadas acesas”, isto é, sermos como peregrinos e bem despertados que não ficam de braços cruzados, mas, pelo contrário, que se dedicam à obra do Reino de Deus.

De fato, o perigo de estarmos parados vem das nossas excessivas preocupações pelas tantas coisas desse mundo que podem enfraquecer o espírito e tornar-nos acomodados e passivos para a Palavra de Deus. Essa vigilância dinâmica nos leva a ter também a atitude de fidelidade com o nosso ‘Patrão’ para garantirmos uma boa administração dos bens que recebemos, que se resumem com toda a nossa vida. Todavia, como é difícil termos constantemente sempre viva essa vigilância e fidelidade! Assim o Mestre nos convida à conversão.

Essa conversão é praticamente um processo que se deve manter para a vida toda e para todos. Também para aqueles que estão sempre na Igreja, porque o nosso Deus é imprevisível e bem dinâmico. Deste modo, não temos que nos preocupar qual será a hora e o dia da chegada do nosso Deus, mas saber amar que nos manterá despertados para a sua acolhida. Nessa fidelidade e responsabilidade é que se funda o nosso relacionamento com o nosso ‘Patrão’.

Ele renderá a cada um conforme as suas ações, e não pelas suas palavras, e também pela graça recebida. Saremos todos julgados segundo a própria correta consciência. O futuro que nos espera será aquela comunhão eterna com o nosso ‘Patrão’ Deus. Concluindo, eu te pergunto: consegues te deixar atrair pela escuta da Palavra de Deus?

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote e doutor em teologia - Belém-PA.


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