terça-feira, 8 de dezembro de 2015

A moda no Brasil é Cafe Racer sobre duas rodas

Há alguns anos, a onda retrô tem influenciado o mercado global de motos. Motociclistas, oficinas independentes e marcas buscaram inspirações em modelos antigos para customizar suas motos ou lançar novos modelos. E nessa onda vintage, as cafe racers, estilo de customização que nasceu nas corridas ilegais na Inglaterra dos anos de 1960, lideram a preferência do público, dos estúdios e dos fabricantes. 
Inusitados e simpáticos, tais projetos remetem à febre britânica das décadas de 1960 e 1970, quando jovens rockabillys modificavam suas motos – normalmente Norton, Triumph e BSA – para participarem de corridas nas redondezas de cafés e lojas de bebidas 24 horas. Conta-se que cada disputa deveria terminar antes da música escolhida no jukebox – tocadores de LP´s – se acabasse. Para tanto, estas motos feitas em casa eram desnudas de peças, carenagens e acessórios. O objetivo era perder peso e atingir 160 km/h nas novas rodovias em torno de Londres – uma barreira e tanto para a época.
Neste cenário de contracultura, nascia o marcante estilo composto de motos cruas, com motores preparados, guidões baixos e pedaleiras recuadas, de forma a melhorar a aerodinâmica e o rendimento nas corridas ou rachas de rua. Tal moda foi seguida em outros países europeus e cultuada no Japão durante os anos de 1970 e 1980.
As fábricas embarcaram no sucesso e na força que estilo vintage tem sobre os consumidores. Prova disso é que a BMW lançou sua minimalista R nineT em 2014, enquanto a Yamaha mostrava sua XJR 1300 em versão Racer no mesmo ano. No Salão de Motos de Milão 2015, realizado em novembro, houve uma explosão de motos vintage com uma “pegada café”, a exemplo de conceitos da Yamaha, Honda e Kawasaki; e também Triumph, que revelou a nova linha Bonneville.
Sob encomenda
As “cafes” customizadas atualmente conservam características visuais dos modelos originais – já a ciclística, nem tanto. Entre os principais elementos estão a pintura fosca, rodas raiadas pretas e espelhos abaixo do guidão, com as tampas laterais recortadas. Guidões costumam ser os “Tomazelli”, curvados para baixo, ou semiguidões fixados junto dos garfos; acompanhados (ou não) de uma “bolha” frontal, para ajudar na aerodinâmica. Nas motos antigas, tais carenagens eram baseadas nas motos de corrida, assim como as pedaleiras recuadas, de maneira a permitir “deitar” nas curvas.
Já os faróis com lentes amarelas (na época de vidro) serviam para “furar” a neblina londrina. O uso de fitas em forma de “X” nas lentes evitava que o vidro estilhaçasse em caso de queda. Hoje, as lentes de policarbonato recebem uma tinta amarela especial, que suporta altas temperaturas. Para maior autonomia, os tanques eram aumentados e recebiam recortes o para encaixe das pernas; enquanto as traseiras das motos eram severamente encurtadas para redução de peso. Tais mudanças só são seguidas em customizações mais profundas, portanto pouco reversíveis.
No caso de motos japonesas mais modernas transformadas em cafe racers, o tanque é todo refeito de forma a ficar em formato “pão de forma”. Os bancos de perfil baixo e de couro costumam acompanhar rabetas arredondadas, de forma a melhorar a aerodinâmica e o efeito solo na traseira. A diferença mais marcante é que as motos atuais costumam manter o espaço do garupa, enquanto as tradicionais mal abrigavam o piloto.
Cafe racer tropicalizada
As pedaleiras não costumam ser recuadas e o motor dificilmente é preparado – no máximo escape esportivo e filtro de ar mais livre. Nas cafe racers de época, uma das receitas preferidas pelos jovens mais abonados incluía a troca de motores: os preferidos eram os Triumph “Twin 650”, adaptados em quadros Norton, o que resultava nas incríveis “Triton”. Quando isso não era possível, o uso de carburadores maiores e escapes esportivos ajudavam as motos a se tornarem mais velozes.
Segundo o customizador Teydi Deguchi, da Shibuya Garage, de São Paulo, “as cafe atuais são motos ‘tropicalizadas’ para um uso racional, muitas vezes diário. Cada oficina cria o seu estilo de acordo com suas origens. No nosso caso preferimos algo chique mesclando o dark, com toques minimalistas vindos do brat style”, explica em referência ao estilo cru dos japoneses. Ainda nas palavras do expert, “na contramão da tendência, gosto bastante de alterar as Harley; elas têm rendido cafe racers inusitadas”.
Foto: Renato Durães (Infomoto) e Divulgação - Moto.com

Um comentário:

Eugênio Fábio Guerra Negreiros disse...

Outro dia estava em Jarú e vi 3 passando, pelo jeito de viagem..., achei bonitas, grandes motores, mas nao me atrai o estilo... Mas são realmente bonitas.

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