O prejuízo bilionário na suspeita
compra de uma refinaria no Texas pela Petrobras é apenas a ponta do iceberg. O
caso deve ser investigado a fundo, claro, mas estamos diante de algo bem mais
grave: a gradual destruição da maior empresa nacional, que pertence a todos nós
por meio da União.
A perda de valor da estatal tem
se acelerado bastante desde que a presidente Dilma assumiu o poder. Vários
números podem comprovar a gravidade da situação. O principal deles é, sem
dúvida, o preocupante patamar de endividamento da empresa. A Petrobras terminou
2013 com 221,6 bilhões de reais de dívida líquida, contra 62 bilhões de reais
em 2010. Um crescimento de 257% em apenas três anos! Já a produção se encontra
estagnada no mesmo período, e o Brasil precisa importar derivados de petróleo,
a despeito da propaganda mentirosa de auto-suficiência feita por Lula. Apesar de um gigantesco
programa de investimentos, não houve contrapartida alguma, até agora, na
produção de óleo e gás. Com divida bem maior e produção parada, além do preço
do combustível congelado pelo governo, o resultado é que o lucro por ação e o
valor de mercado caíram pela metade durante a gestão Dilma.
É verdade que muitos desses
problemas foram plantados na gestão de Sérgio Gabrielli, durante o governo
Lula, mas Dilma já era presidente do conselho administração da empresa nessa
época, e decisões dela também ajudaram a agravar o quadro. O fenômeno é fruto
da crescente politização da Petrobras, capturada pelo PT no pior tipo de “privatização”
que existe: transformar a coisa pública”
em “cosa nostra”. O PT sempre acusou o PSDB de “privatista”, e chegou a
levantar a hipótese , durante as eleições, de que os tucanos iriam vender a
nossa maior estatal, o que seria de “entreguista”. O próprio PT realizou, ainda
que de forma incompetente, importantes privatizações, como a dos aeroportos e
rodovias. No caso da Petrobras, preferiu transformá-la em um instrumento de uso
político e de combate à inflação. Os interesses econômicos de seus milhões de
acionistas incluindo todos os contribuintes, foram sacrificados em prol dos
objetivos eleitoreiros. O mesmo aconteceu na Venezuela com a estatal PDVSA.
Ocorre que o populismo, somado à incompetência acaba matando a galinha dos ovos
de ouro. Nem mesmo uma empresa de petróleo agüenta ser tão maltratada por muito
tempo.
Por que, então, essa destruição visível
de um patrimônio nacional vem acontecendo sem alarde? Em primeiro lugar, temos
o ufanismo daqueles nacionalistas que ainda acreditam no velho slogan “o petróleo
é nosso”. O petróleo, na verdade é deles, daqueles que mamam nas tetas da
Petrossauro, como a chamava Roberto Campos. O que nos leva ao segundo motivo do
silêncio: são muitos grupos de interesse
organizados que se beneficiam com a gastança enorme e sem tanta transparência
da Petrobras. Para começar, seus quase 90.000 colaboradores. Claro que há,
entre eles, críticos da atual situação que prefeririam ver a empresa gerida
pela meritocracia. Mas os 27,6 bilhões de reais gastos com pessoal em 2013, um
aumento de 51% em relação a 2010, servem como forte estímulo ao apoio dos
funcionários. Além disso, temos todos os
empresários que fornecem produtos e serviços para a estatal, felizes da vida
com a cláusula nacionalista imposta pelo governo, que obriga a empresa a
comprar mais de metade dos equipamentos de exploração dentro do país. A
presidente Graça Foster chegou a reclamar do atraso na entrega das sondas,
ameaçando importá-las.
Artistas e ONGs dependem das
gordas verbas de patrocínio cultural da Petrobras. A estatal “investiu”, apenas
em 2013, 520 milhões de reais em 830 projetos sociais, ambientais e de esporte
educacional. É uma montanha de recursos capaz de testar a independência do mais
íntegro dos seres humanos. Por fim, temos os próprios políticos, que adoram a idéia
de usar a estatal como moeda de troca ou fonte de recursos. Basta lembrar o
deputado Severino Cavalcanti pedindo à área da Petrobras que “fura poço” que selasse aliança política com
o então presidente Lula.
Fonte: Por Rodrigo Constantino - Jornal Alto Madeira
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