segunda-feira, 28 de abril de 2014

Pare agora!



O que realmente faz uma motocicleta, ou um automóvel, parar é o atrito entre o ponto de contato do veículo (pneus) e o solo. Portanto, parar uma motocicleta é tarefa difícil por esta ter apenas dois pontos de contato com o solo, um na dianteira e outro na traseira. Daí a importância de um bom sistema de freios e sua correta manutenção. Com a evolução das motocicletas, que se tornaram mais velozes, a indústria teve que encontrar melhores soluções para a frenagem desses veículos.
Atualmente existem dois tipos de sistemas de freios nas motocicletas, a tambor ou a disco. Por ter produção e manutenção mais acessível, o sistema a tambor é normalmente encontrado em motos mais antigas e nas atuais de baixa cilindrada. De uma maneira resumida, os freios a tambor têm um funcionamento muito simples. Quando acionado, as lonas (chamadas de sapata principal e sapata de arrasto) tocam no tambor (fixado na roda), causando atrito e fazendo as rodas pararem. O sistema é considerado de menor eficiência que os freios a disco por não dissipar o calor facilmente. Por ter um maior desgaste, a manutenção deve ser feita em intervalos menores. Se isso não acontecer, seu desempenho fica realmente comprometido.
Segundo André Henrique de Souza, mecânico da concessionária Moto9 Yamaha, em São Paulo (SP), uma indicação de que os freios a tambor estão gastos é que o pedal traseiro começa a ceder (ficar mais baixo) e o manete dianteiro fica mais “mole”. “Quando isto acontecer, deve-se verificar a espessura mínima da lona recomendada pelo fabricante. Se estiver mais gasto que o limite é hora de trocar”, adverte Souza.
Atualmente, a maioria das motocicletas que utilizam freios a tambor conta com uma versão equipada, pelo menos, com freio a disco na dianteira. O sistema a disco é mais moderno e mais eficiente. Mas, por outro lado, a manutenção de seus componentes e sua produção é mais cara. Basicamente, o freio a disco é de funcionamento hidráulico, e composto por pastilhas, pinças, pistão, fluído de freio, disco e mangueiras. Há diferenças na quantidade de pistões, no tipo de fluído, no tamanho dos discos e até nas mangueiras, o que interfere diretamente na potência e progressividade dos freios. Motos de alta cilindrada e mais potentes tendem a ter componentes de maior eficiência.
Ao acionar o manete ou o pedal, o fluído de freio é deslocado em direção ao pistão da pinça de freio e o empurra. O pistão, então, move as pastilhas, que por sua vez entram em contato com o disco, causando atrito. Este atrito é o que faz as rodas travarem ou diminuírem de velocidade, até pararem por completo. Os freios a disco são mais eficientes, mas também mais agressivos. O condutor deve tomar cuidado com a força aplicada no freio dianteiro para não sofrer acidentes.
Manutenção e prevenção
O proprietário deve fazer a manutenção periódica para prevenir desgastes excessivos, aumentar a durabilidade do conjunto e evitar possíveis acidentes. “Cada fabricante determina no Manual do Proprietário os intervalos corretos de manutenção. São elas que garantem o bom funcionamento dos freios”, comenta o mecânico Souza.
Nos freios a tambor, por exemplo, ruídos excessivos durante a frenagem podem significar que o sistema está danificado (muito comum depois de rodar na chuva). As lonas podem acumular sujeira e perder a rugosidade necessária para que o atrito com o cubo da roda seja suficiente para frear a motocicleta. Há uma maneira simples de corrigir esse defeito. Lixar a lona para recuperar sua aspereza e, assim, ganhar mais atrito. “No entanto, depois de repetidas vezes, o que se deve fazer mesmo é observar a espessura mínima recomendada pelo fabricante e substituir o sistema, se necessário, para garantir maior segurança na frenagem”, explicou o mecânico.
Ainda de acordo com André Souza, é fácil reconhecer problemas no sistema a disco. “Quando o freio está ‘borrachudo’ – o manete não apresenta resistência e passa uma sensação de maciez –, pode ser um sinal de ar no cabo de óleo. Deve-se, então, sangrar o fluido para retirar a bolha de ar. Se na hora da frenagem a motocicleta trepidar um pouco, pode ser sinal de que o disco está empenado e este deve ser verificado e trocado. E o diagnóstico mais fácil de perceber é quando as pastilhas de freio estão extremamente gastas. Os pistões empurram as pinças que comprimem as pastilhas que já não contam com material abrasivo causando o atrito de ferro com ferro e emitem um ruído alto”.
Então, deve-se sempre verificar a espessura da pastilha. Dessa forma, além de sempre garantir uma frenagem segura, a vida útil do disco é aumentada. Pastilhas novas também podem passar a sensação de estarem “borrachudas”, mas isso se deve ao fato das novas pastilhas ainda não terem se moldado ao formato do disco. Com o uso, elas se acostumam e passam a ter um tato mais refinado.
O mecânico ainda lembrou que o desgaste das pastilhas depende muito da “tocada” do piloto. Portanto, a troca deve ser feita quando há necessidade e não depende da quilometragem. “O desgaste das pastilhas é natural. Com o atrito, o disco esquenta e progressivamente vai gastando a pastilha. E isso depende de como o piloto se comporta sobre a moto, se ele usa mais freio motor ou não. Às vezes vemos casos de desgaste prematuro na traseira e, na maioria dos casos, é por que o usuário ficou com o pé apoiado no pedal de freio durante a pilotagem sem perceber”, disse.
A dica final é simples. Seu freio pode salvar sua vida. Não vacile e mantenha seu sistema sempre em ordem para garantir maior segurança.
Dicas de prevenção
1) Sempre verificar a folga do manete e pedal de freio, e ajustar conforme o manual do proprietário de sua motocicleta;
2) Verificar sempre a condição do cabo de acionamento do freio a tambor dianteiro e traseiro – lubrificação ou troca;
3) Pastilhas gastas emitem ruídos metálicos e podem danificar os discos;
4) Nos freios a tambor, conferir a regulagem próxima ao cubo das rodas;
5) Verificar o nível de fluido de freio em motos com freio a disco conforme o Manual do Proprietário;
6) Acionamento “borrachudo” nos freios a disco pode ser sinal de ar na mangueira de freio – fazer a sangria do sistema de fluido de freio;
7) Certifique-se de não manter o pé apoiado no pedal de freio durante a pilotagem para não desgastar as pastilhas ou lona prematuramente. 
Fonte: Roberto Brandão Filho -  Moto.com

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