Educar tem sido missão cada vez mais difícil nos dias atuais. Não só pelos recursos digitais e tecnológicos que parecem 'roubar' a infância das criança, como pelos comportamentos expostos na mídia em em redes sociais que as hipnotizam com conteúdos que estimulam o consumismo, o desperdício e as 'trolagens' entre as pessoas. O mundo virtual vem progressivamente confundido seus limites com os do mundo real no cotidiano de crianças e adolescentes. O celular e a internet têm mudado a forma de se relacionar com a família, os amigos e os professores. Como convencer uma criança de 5, 6 anos, por exemplo, de quer determinado comportamento é errado quando ela assiste na internet adultos adotando o mesmo comportamento como se fosse algo legal? E, pior o tal 'adulto' ainda é idolatrado e muitas vezes detém boa posição social.
Essa inversão de valores chega às escolas, interfere diretamente no comportamento das crianças em sala de aula e, consequentemente, na relação que esse aluno tem com os demais colegas e com seus educadores. O professor, que detém autoridade, vem enfrentando cada vez mais dificuldades para impor disciplina e respeito e começa a lidar com sérios problemas, como o aumento da agressividade infantil, a transgressão de regras e a violação dos direitos alheios, entre outras questões. Diante de tal situação, como o professor deve agir para evitar a disseminação de atitudes agressivas e sem limites, passando do âmbito individual de cada aluno para o coletivo?
É verdade que sempre houve situações-problemas envolvendo alunos em sala de aula, mas a questão vem tomando dimensões assustadoras. Primeiro, é preciso entender o porquê de tais comportamentos. A mídia e as redes sociais são parte do problema, mas eles podem ter origem também na falta de fragilidade de referências morais e afeto, transtornos familiares como violência doméstica ou dificuldade dos cuidadores em estabelecer limites e regras; além de conflitos emocionais, barreiras sócios econômicas ou até distúrbios cognitivos ou mentais. Por isso, a forma como o educador lida com os conflitos tem papel agressiva, o aluno tende a reproduzir tais atitudes. Não é deste modo que ele exercerá a sua autoridade. Não mais.
Mas, diante da multiplicidade de causas e consequências, é insensato buscar receitas mágicas. O que deve ser buscado gradualmente é a construção e o fortalecimento da confiança e do respeito por meio do diálogo. É difícil? Muito! No entanto, é preciso se aproximar do aluno, adotando uma postura calma, porém assertativa, , dando a ele a possibilidade de expressar seus sentimentos, seus problemas e falar sobre seus atos. Não ignore o que a criança sente ou o que desencadeou aquela atitude agressiva ou desrespeitosa. Estimular o diálogo é dar a ela a oportunidade de se explicar e se retratar, sempre valorizando seus esforços positivos, como manifestações de afeto e senso de responsabilidade; e potencializando a autoestima que o encoraja a superar barreiras.
Fonte: Luiz N. Poblacion - Engenheiro eletrônico pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) - Jornal Diário da Amazônia.
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