As mulheres andam gozando menos do que gostariam. A culpa também é delas. Mas podemos ajudar...
Poucas vezes na minha vida li tanta besteira como agora, quando, pesquisando para esta coluna, dei uma olhada no que andam escrevendo na internet sobre orgasmo feminino.
Me intriga muito que, em um mundo hipersexualizado como o nosso, o prazer feminino ainda seja rodeado de mistérios, incompreensão ou atos anacrônicos e machistas como o de fingi-lo.
As mulheres evoluíram muito em todas as áreas, mas a libertação sexual parece ter sido da boca pra fora.
Para que ser livre e sair transando com vários se em nenhuma dessas transas se obteve um orgasmo sequer?
Ou ter uma performance sexual hardcore à la Sasha Grey sem conhecer o próprio prazer e não respeitar os limites de suas vontades reais?
Na verdade, as mulheres andam gozando menos do que gostariam. Algumas nem isso conseguem.
Percebo isso nos papos que tenho com as amigas, nas mensagens que recebo das leitoras, nas plateias das minhas palestras.
Entre tantas conquistas, ficou essa lacuna, a do prazer total. Talvez você não saiba disso. Mas estou aqui para contar.
E para dizer como você entra nessa história.
Slow Sex
Falei com Betony Vernon, antropóloga sexual americana e autora de The Boudoir Bible, lançado recentemente. “O sexo rápido é o principal culpado pela anorgasmia feminina, assim como a baixa autoestima. Ambos são perpetuados pela falta de conhecimento e a compreensão do corpo como um grande órgão sexual”, disse ela.
O tempo do homem e da mulher na excitação é completamente diferente.
A princípio, todos sabem disso, mas nem sempre respeitam esse fato porque a maioria das pessoas é condicionada por esse sexo rápido e óbvio.
Como disse o ginecologista Eduardo Tomioka, a excitação da mulher começa no jantar. “O tesão vai sendo contruído progressivamente ao longo da noite, por atitudes, nuances de afeto”, diz ele.
“O grande comedor sabe conduzir a mulher desde o início e mantém esse ritmo até o final. De que adianta ser um cavalheiro, interessante, saber sentir um Romanée Conti se na cama ele vira um lutador de MMA? Tem que ser um gentleman no sexo também.” Got it?
Caia de boca
Entenderam? Sexo oral é essencial. Tem que fazer. Se não gosta, aprenda a gostar porque é o jeito mais fácil de fazer a maioria das mulheres gozar.
Cerca de 95% não goza só com penetração — essas moças precisam de estimulação no clitóris.
Então, por enquanto esqueça o ponto A, B, C, D, E, F, G… Vá no clitóris que não tem erro.
Uma boa ideia é nunca se esquecer dele, mesmo durante a penetração.
Pode estimular com seu dedo ou um vibrador, ou ainda incentivá-la a se masturbar enquanto você a penetra. Não precisa ser sempre, mas fica a dica: dá uma boa ajuda para a mulher gozar.
Eu poderia passar mais dicas práticas aqui, mas na verdade nosso orgasmo é muito mais psicológico se comparado ao de vocês.
E essa questão mental tem um peso maior do que a melhor das técnicas. Para gozar, uma mulher precisa estar se sentindo muito à vontade.
E como conquistar esse feito tão subjetivo? Amando-a lá por baixo e expressando isso.
Fazendo assim, você quebra muitas das várias barreiras historicamente hospedadas no seu superego.
Já falei isso em outra coluna sobre sexo oral: precisamos estar nos sentindo muito desejadas, essa intensidade não tem a ver com sexo selvagem ou desempenho, mas com voracidade do desejo.
Esqueça as posições do Kama Sutra e expresse seu tesão. Não tem dica melhor.
Sacanagem com carinho
Você sabe, você foi (des)educado sexualmente a vida toda pela pornografia — e a indústria pornô é uma péssima educadora.
O melhor homem é aquele que consegue deixar de lado comportamentos automáticos e viciados nessa área e se abre pra trocar de verdade com cada mulher que ele transa.
Sussurrar uma putaria no ouvido é ótimo, mas se associada com carinho essa putaria atinge níveis muito mais eficientes.
E elogie muito — elogios e qualquer palavra que demonstre admiração e aprovação SEMPRE funcionam muito bem.
Por exemplo, se você a ama, diga isso durante o sexo, num momento bem safado que supostamente não combinaria com tal declaração.
Esses contrastes funcionam muito. Putaria com carinho é a melhor mistura que pode existir, grande incentivadora de um orgasmo.
E não precisa amar para conectar, putaria com carinho pode rolar até num one night stand.
Mas não fique perguntando muito durante a transa se ela gozou ou pedindo demais para ela gozar — isso inibe. Ela precisa se sentir à vontade, lembra?
E entenda de uma vez por todas: não gozar todas as vezes é normal. Mas você não deve parar de tentar.
Porque, como disse Betony, “a satisfação sexual profunda é uma via de duas mãos e o mais potente afrodisíaco ao nosso alcance é o prazer que somos capazes de proporcionar”.
Fonte: Carol Teixeira é filósofa, escritora e autora do livro Bitch (Record). Siga-a: @carolteixeira_ - Abril Vip
Nenhum comentário:
Postar um comentário