sábado, 23 de dezembro de 2017

É NATAL

O Santo Natal revela o quanto Deus nos ama. Ele se torna pequeno para ser acolhido por todos nós. Nosso Deus é maravilhoso, sábio em nos ajudar a compartilhar sua divindade. É nisso que consiste nossa dignidade. Somos atraídos para essa verdade. Podemos ver, nesta circunstância, como até as pessoas afastadas da Igreja, ou simplesmente que não se sentem atraídas por uma experiência de fé, conseguem ser absorvidas por este magnífico evento que marcou, de maneira definitiva, a nossa história. Então, é bom focalizarmos alguns elementos constitutivos do Santo Natal, sob o aspecto da comunicação. Vejamos, por exemplo, como os pastores agiram frente a essa extraordinária realidade.

Os pastores se comportaram como verdadeiros jornalistas, porque não faziam outra coisa senão dar uma boa notícia, sem acréscimos de comentários pessoais. Aquilo que viram, transmitiram. Talvez isso pudesse questionar hoje nossa profissão de jornalistas, ou mesmo de comunicadores. Quantas vezes as notícias não são corretas porque queremos manipula-las com nosso ponto de vista ou com interesses de corporação? Em várias ocasiões, nossa ação comunicativa chega a não ter escrúpulos. No entanto, os pastores daquela época foram bem transparentes ao narrar aquilo que viram, e nada mais. Portanto, contando os fatos, precisamos demonstrar total transparência; e todos somos chamados em causa, porque todos comunicamos, de um jeito ou de outro, para sustentar nossas relações sociais, comunitárias e familiares.

Porém, em muitas ocasiões, quanta falta de transparência em tudo isso! Podem ver que as problemáticas, as dificuldades de se entender, os conflitos que surgem em consequência disso, tornam-se quase como uma denúncia da nossa não correta ação comunicativa. Assim sendo, creio que é necessário imitarmos aqueles pastores. É verdade que a objetividade é muito difícil, mas ser transparentes é o nosso dever. Hoje em dia, estamos vivendo um bombardeio de informações, mas tudo isso nos leva a ter um conhecimento real e verdadeiro da realidade, ou cria mais confusão na nossa cabeça, favorecendo mais conflitos pessoais e sociais? E aquela gruta onde nasceu o Menino Jesus? Que comunicação em tudo isso! A humildade e a simplicidade revelam um fato extraordinário de Deus que se rebaixa até nós.

Pergunto-me: se Deus se torna presente na nossa vida com total humildade, por que nós não podemos estar juntos despojados de qualquer arrogância, soberba, altivez? O Altíssimo se faz presentíssimo, não desprezando a nossa realidade, mas, ao contrário, compartilhando conosco o seu grande poder porque é preocupado com a nossa vida. Então, como queremos caminhar com os outros para compartilharmos aquilo que somos? Temos a coragem de nos rebaixar para favorecer os outros? A onipotência do nosso Deus, por incrível que pareça, se manifesta nessa capacidade de entrar na nossa vida. Uma verdadeira e transparente comunicação é totalmente humilde porque quer favorecer a vida e, sobretudo, de quem mais necessita. É solidária e fraterna. Não é uma elucubração de palavras e pensamentos, mas de testemunho de vida.

Aquele silêncio recolhido daquela gruta emana uma magnífica e poderosa comunicação: a vida não tem limite. Quantas vezes não sabemos priorizar o silêncio, porque achamos que isto prejudica a nossa fala para comunicar. No entanto, no nascimento, Deus não fez manifestações de praça, barulhos de palavras, não tocaram tambores, ao contrário de nós, quando queremos mostrar algo de importante usamos todos os possíveis meios que estão ao nosso dispor para contar o evento da nossa vida. Deus prefere comunicar no silêncio, porém, nós preferimos comunicar com barulhos. Que diferença! Creio que esta grande solenidade do Santo Natal possa se tornar, para todos, um momento de reflexão sobre como podemos aperfeiçoar a comunicação entre nós.

Por fim, aquela estrela que indicou a santa gruta nos revela quantas estrelas existem também na nossa vida, para nos ajudar na nossa peregrinação terrestre? E às vezes pela pouca sensibilidade ao “novo”, determinado pelo excessivo materialismo, nos impede de fazer a experiência do verdadeiro Natal. Feliz e Santo Natal.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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