Duas big trail que são as mais potentes, de maior torque e preço à venda no Brasil. A segunda geração da KTM Super Adventure é uma recém-chegada ao país, única a igualar e até superar o motor da Ducati: ambas alcançam 160 cv, mas a austríaca passa à frente com 14,2 kgf.m de torque (contra 13 kgf.m da italiana). Nesta versão R, com rodas raiadas, a KTM custa R$ 93.950 e a Enduro R$ 91.900. Caras, sem dúvida, mas entregam um pacote tecnológico e de performance inigualável na categoria.
Vemos motociclistas comprando suas motos com o sonho de grandes aventuras, assim como motoristas que compram picapes e SUVs 4x4, mas que na prática não usam os recursos do veículo nem vivenciam as experiências que pode proporcionar. Por isso montamos um roteiro de teste que começou em rodovias bem pavimentadas e terminou no meio da natureza, atravessando diferentes situações off-road entre as serras da Cantareira e Mantiqueira. Buscamos os limites das duas motos sem qualquer alteração nos conjuntos de fábrica para mostrar que a capacidade está lá e muitas vezes basta rodar poucos quilômetros para ter uma experiência diferente não muito longe de casa.
Estes motores de 2 cilindros em V produzem 35 cv a mais do que a BMW R 1200 GS, 48 cv acima da Yamaha Super Ténéré e 70 cv além da Honda Africa Twin. Ao girar o punho direito estes números são perceptíveis tanto para quem curte a pilotagem esportiva, quanto para aquele que também quer conforto e torque abundante. A tecnologia já fica evidente nos painéis TFT coloridos, que oferecem diversas possibilidades para ajustar modos de entrega de potência, controle de tração e ABS. A eletrônica da Super Adventure é mais complexa e completa, anti-wheeling, controle de derrapagem e quickshifter bidirecional fazem parte do pacote.
A Multistrada Enduro se diferencia pelas suspensões semi-ativas, recurso existente apenas na KTM da versão S (com rodas de liga e perfil mais voltado ao uso on-road). Nesta R os ajustes são manuais sem necessidade de ferramentas para proporcionar um acerto mais refinado nas três vias, projetando um tipo de uso mais exigente. O controle de derrapagem da KTM é muito eficiente, funciona tanto em acelerações como em frenagens, inclusive com a moto inclinada, distribuindo a frenagem entre as rodas para manter a estabilidade da moto. Ele é eficiente nas curvas de terra também, por exemplo, quando entramos rápido e reduzimos marchas na entrada de uma curva e a traseira da moto tende a derrapar com o freio motor, a eletrônica mantém ligeiramente a aceleração para que as rodas sigam no trilho, podendo fazer os freios entrarem em ação combinadamente – também há um controle para não deixar a roda traseira sair do chão nas frenagens. Benefícios de uma eletrônica precisa atuando com sensores inerciais (IMU), como nas superbikes, que identificam a inclinação da moto para adequar o funcionamento dos assistentes eletrônicos.
Na prática, e sem dó
Apesar das posições de pilotagem e conforto geral serem ótimos nas duas, na Ducati os bancos são mais macios e ergonômicos, enquanto nesta KTM versão R a vocação para enduro resultou em modificações como o banco quase plano e de espuma mais rígida. Outra diferença prática vem do tanque para 30 litros na italiana (contra 23 litros na KTM), vantagem na autonomia e acréscimo de peso suspenso que resulta em mais esforço para mudá-la de direção. Reforçando essa linha o aro dianteiro da Enduro é 19 com pneu de 120 mm de largura, portanto melhor on-road, ela tem para-brisa maior e aquecedor de manoplas. Na KTM o aro 21 com pneu de 90 mm não é tão estável no asfalto, mas extremamente ágil fora dele: facilita a saída de cavas e melhora o desempenho nas curvas sobre a terra.
O tanque austríaco não é menor à toa, foi o cálculo exato do quanto pode levar de combustível sem perder agilidade em trilhas mais radicais. Com o tanque da Multistrada cheio, em percursos mais estreitos atrapalha, ela fica pesada e mais propensa a tombar. A medida dos aros da KTM permite colocar pneus de cravo exclusivos para enduro (aro traseiro é 18), facilitando a entrada em trilhas e circuitos que só motos especiais de competição estariam aptas a enfrentar. A bolha menor na Adventure R melhora a visão e refrigeração do piloto em percursos off-road e de baixa velocidade.
Outro ponto que deve ser considerado é a altura destas máquinas, a Adventure um pouco mais alta que a Enduro, que já é bem alta para os padrões brasileiros. Com 1,80m de altura o piloto da KTM ainda fica nas pontas dos pés, mas uma vez vencido este obstáculo a leveza na condução que é característica das motos laranjas compensa. Selecionando o modo de pilotagem Enduro na Ducati as suspensões se ajustam automaticamente, quando saltamos pela primeira vez com ela esperamos uma “batida” de fim de curso que não aconteceu, apenas o cavalete central bateu no chão, mostrando os limites elevados dessas motos, podendo sempre ir além do imaginado. Já na KTM transpor buracos e saltos foram tarefa simples, parecia uma moto de rali. Com pneus de cravo deve ficar o bicho!
Os longos cursos das suspensões e bom funcionamento ajudam muito a ultrapassar obstáculos mais radicais e podem ser a diferença entre continuar ou não na trilha. Generosos 200 mm de curso na dianteira da Ducati são superiores aos 190 mm da Super Ténéré, mas comparados aos 220 mm da KTM essa diferença de 10% fica expressiva.
Sem medo de subir paredões (e descê-los), atravessar longos trechos de areia, lamaçais e alagados que cobriam as rodas as duas big trail enfrentaram de forma supreendente todas as situações em que foram colocadas. A única limitação foi dos pneus de série, que não as impediu, mas dificultou a missão por conta da ausência de grandes sulcos para melhorar a tração. Algo que, dependendo do tipo de uso pelo comprador, é facilmente resolvido pela escolha de um par mais voltado ao off-road. Claramente a Ducati Multistrada Enduro se dá melhor no asfalto e a KTM 1290 Super Adventure R fora de estrada, porém é preciso lembrar da alternativa da versão S da KTM para quem estiver decidido pelo asfalto e off-road leve por estradas de terra, já que as rodas de liga leve são menos resistentes a impacto.
Ficha técnica KTM 1290 Super Adventure R
Motor: 1.301cc, V2, 8 válvulas, comando duplo no cabeçote, refrigeração líquida
Diâmetro x curso: 108 mm x 71 mm
Taxa de compressão: 13,1:1
Potência: 160 cv a 8.750 rpm
Torque: 14,2 kgf.m a 6.750 rpm
Alimentação: injeção eletrônica
Câmbio: 6 marchas
Chassi: treliça de aço
Suspensões: garfo telescópico invertido na dianteira e monoamortecida na traseira, ambas ajustáveis nas três vias
Pneus: 90/90-21 na dianteira e 150/70-18 na traseira
Freios: discos de 320 mm com pinças de 4 pistões na dianteira e disco de 267 mm com pinça de 2 pistões na traseira
Comprimento: n.d.
Largura: n.d.
Altura: n.d.
Altura do banco: 890 mm
Entre-eixos: 1.580 mm
Distância do solo: 250 mm
Peso: 240 kg (ordem de marcha)
Tanque de combustível: 23 litros
Preço: R$ 93.950
Ficha técnica Ducati Multistrada Enduro
Motor: 1.198cc, V2, 8 válvulas, comando desmodrômico no cabeçote, refrigeração líquida
Diâmetro x curso: 106 mm x 67,9 mm
Taxa de compressão: 12,5:1
Potência: 160 cv a 9.250 rpm
Torque: 13 kgf.m a 7.500 rpm
Alimentação: injeção eletrônica
Câmbio: 6 marchas
Chassi: treliça de aço
Suspensões: garfo telescópico invertido na dianteira e monoamortecida na traseira, ambas ajustáveis nas três vias
Pneus: 120/70-19 na dianteira e 170/60-17 na traseira
Freios: discos de 320 mm com pinças de 4 pistões na dianteira e disco de 265 mm com pinça de 2 pistões na traseira
Comprimento: 2.345 mm
Largura: 1.000 mm
Altura: 1.496 mm
Altura do banco: 870 mm
Entre-eixos: 1.594 mm
Distância do solo: 192 mm
Peso: 254 kg (ordem de marcha)
Tanque de combustível: 30 litros
Preço: R$ 91.900
Veja o Vídeo abaixo.
Fonte: Revista Duas Rodas.
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