Augusto dos Anjos |
Banhada pela imácula brancura
De ondas chorando num alvor etéreo.
Ah! dessas vagas no bramir funêro
Jamais vibrou a sinfonia pura
Do amor; lá, só descansa, dentre a escura
Treva do oceano, a voz do meu psaltério!
Quando a cândida espuma dessas vagas,
Bambando a fria solidão das fragas,
Onde a quebrar-se tão fugaz se esfuma,
Reflecte a luz do sol que já não arde,
Treme na treva a púrpura da tarde,
Chora a Saudade envôlta nesta espuma!
Pau d'Arco, 1902.
( O Comércio, 26/II/1902),
Fonte: Do Livro EU - Augusto dos Anjos
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