sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

COMO MELHORAR OS FREIOS DA MOTO COM BAIXO INVESTIMENTO

 

Componentes de reposição como pastilha, flexível e fluido podem melhorar performance custando menos do que originais


Se os freios de sua moto não agradam, você não precisa necessariamente trocar de moto ou de sistema de freio. Substituir alguns itens que já fazem parte da rotina de manutenção preventiva traz grandes resultados em sistemas a disco.

E mesmo que você não pretenda fazer um upgrade, é importante saber diferenciar componentes de qualidade para evitar a desagradável surpresa de descobrir que seu freio piorou depois da revisão.

Para começar, é preciso saber que quando você aciona a alavanca está pressionando o fluido que corre pelo flexível até os pistões do cáliper. São estes que empurram a pastilha contra o disco, que gira fixado à roda, fazendo a moto parar.

Três componentes envolvidos nesse processo devem ser inspecionados periodicamente e eventualmente trocados, seja por desgaste ou para aprimorar a performance. Fluido, flexível e pastilha impactando diretamente a distância e precisão da frenagem.

Para mostrar na prática e com números o potencial dessas mudanças escalamos uma Suzuki Bandit 650 usada. Originalmente vinha equipada com fluido de especificação DOT 4, flexíveis convencionais de borracha e pastilhas Tokico já de boa qualidade.

Opções de fluido 

Quanto maior a especificação DOT do fluido (sigla de Department of Transportation, ou Departamento de Transporte americano, que estabeleceu os parâmetros), maior o ponto de ebulição e resistência à fadiga. DOT 4 é o padrão do mercado, e há alternativas com ponto de ebulição superior como o Motul RBF 660.

O produto de melhor especificação disponível é o DOT 5.1, que equipa principalmente modelos esportivos ou usados em autódromos. É preciso atenção para evitar a especificação inferior DOT 3, ainda encontrada à venda, que piora a eficiência do sistema.

Com baixa quilometragem, a Bandit que usamos nas avaliações ainda tinha a maior parte das pastilhas originais para gastar. Porém, havia atingido o período recomendado pelo manual do proprietário para troca do fluido.

O líquido de dietileno glicol é anticongelante, retardante de ebulição e anticorrosivo, mas absorve umidade do ambiente. Por isso precisa ser substituído a cada dois anos, independentemente da quilometragem rodada.

A água absorvida do ar reduz os benefícios do fluido, em especial a capacidade de retardar a ebulição. Permite a formação de bolhas com mais facilidade, cujo efeito é absorver parte da pressão aplicada sobre a alavanca.

Esse mesmo efeito é causado pelos flexíveis de borracha quando a temperatura do fluido aumenta, “amolecendo” a parede do duto. Ou pelo simples fato de serem de má qualidade, permitindo que se expandam.

Quando a parede do flexível se dilata, parte da pressão aplicada à alavanca não chega à pinça. Em casos extremos de superaquecimento, a alavanca chega a encostar na manopla sem que a moto pare. 

Testando na prática

Começamos nosso teste trocando o fluido por DOT 4 novo e medindo as distâncias de uma sequência de 15 frenagens. Assim estabelecemos o parâmetro do equipamento original de fábrica, número que se estabilizou em 54 metros percorridos a 100 km/h.

Em seguida, trocamos os flexíveis pelos revestidos com malha de aço, que evitam a dilatação. Toda a pressão aplicada à alavanca passa a ser diretamente transferida ao cáliper.

Independentemente da vontade de fazer o upgrade, o manual recomenda a troca dos flexíveis a cada quatro anos. O motivo é o ressecamento natural da borracha, e pode ser uma boa oportunidade para elevar a performance.

A vantagem mais evidente da troca foi a sensibilidade ao tato na alavanca, a resposta do freio fica mais direta. Essa “pegada” inicial do freio mais instantânea ocorre porque não é preciso vencer a dilatação da borracha.

Assim se usa menos curso e força na alavanca para obtenção de uma boa frenagem. A distância necessária para estancar a Bandit foi reduzida em 3 metros com os flexíveis fornecidos pela Hel Performance.

Mesma moto, pastilhas diferentes

Pastilhas de moto podem ser fabricadas de compostos com carbono, cerâmica, metal, celulose e até outras resinas de baixo custo. Cada “fórmula” precisa ter sua capacidade de fricção medida e corresponde a um índice de fricção DOT.

São eles EE, FE, FF, GG e HH, em que o mínimo (EE) é 0.25 e o máximo (HH) 0.65. Se a fabricante atender aos requisitos DOT mínimos gravará as letras no verso da placa metálica que sustenta a pastilha e informará isso na embalagem junto com a composição.

Para a Bandit encontramos à venda jogos de composição “orgânica” com celulose e resina por R$ 30 cada. Sem especificação de classificação DOT na embalagem, certamente não superam 0.25.

As de carbono e cerâmica HH originais Tokico estavam R$ 400, e as de reposição com as mesmas características custavam R$ 150. Por fim, as HH “racing”, com mais metal na composição, a partir de R$ 240.

Outra característica das pastilhas de boa qualidade é preservarem os discos, que no caso deste modelo custam R$ 1.400 (unidade).

Nos testes com as pastilhas orgânicas de baixo custo precisamos aplicar mais força na alavanca. A distância percorrida foi quase 2 metros maior do que com as pastilhas originais.

E o superaquecimento fez a distância aumentar a cada nova frenagem. Ela não conseguiu manter o resultado, deixou os discos escurecidos e até o cáliper superaquecido.

Faltou capacidade de dissipação de calor pelo material inadequado da placa metálica, que transferiu a alta temperatura ao restante do conjunto.

Se a Bandit não estivesse com os flexíveis revestidos, que evitaram a dilatação, os resultados seriam piores. A falta de qualidade dos materiais e do acabamento é visível a olho nu. 

As últimas medições foram realizadas com pastilhas de reposição para uso esportivo Vesrah, japonesas, que prometem melhor desempenho após aquecidas. A distância diminuiu 3 metros em relação às originais e se manteve com menor variação na sequência de 15 frenagens.

Também sentimos mais potência no início da frenagem e foi preciso aplicar menos força à alavanca. Portanto, mais um exemplo de componente de reposição que, se bem escolhido, pode entregar performance até superior ao original.





                                                        Fonte: Revista Duas Rodas



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