Nos anos 1970, os americanos rebatizavam a italiana SS 125 para concorrer com as motos japonesas
A Harley-Davidson é um símbolo do estilo americano tradicional. Mas sobreviver a tantas décadas e mudanças na indústria não foi fácil. Os anos 1970 foram especialmente complicados, sob nova gestão e enfrentando a concorrência estrangeira de baixa cilindrada.
No início dos anos 1960 a Harley-Davidson comprou 50% da italiana Aermacchi, originalmente uma fabricante de aviões. Como tantas outras europeias, a Aermacchi passou a produzir motos de baixo custo após o fim da 2ª Guerra Mundial.
O negócio foi visto como solução rápida para obtenção de uma nova linha de baixa cilindrada, e expansão na Europa. Assim as motos seguiram sendo produzidas em Varese, perto de Milão, e foram importadas para venda com a marca americana.
A Harley-Davidson havia sido vendida pelos familiares dos fundadores para a American Machine and Foundry (AMF). Era uma fabricante de máquinas que começava a se interessar por bens de consumo, e que comprou os outros 50% da Aermacchi em 1974. Sob a gestão da AMF a Harley atravessou uma crise de identidade e de apoio dos fieis consumidores americanos.
Nessa época algumas unidades foram importadas pelo magazine Mesbla, as trail SX 125/175/250, a Z90 e a mini-trail X90. Todas para rivalizar diretamente com modelos japoneses. O maior expoente dessa fase no Brasil foi a operação da montadora Motovi, instalada na Zona Franca de Manaus. Importava e montava a SS 125 vinda da Itália e a Electra Glide 1200 americana.
A 125 usava um aro dianteiro maior de 19 polegadas (18 atrás), tinha assento largo e guidão elevado. Era uma pequena cruiser de estilo americano. Sofria de falta de “tropicalização” e limitações de projeto: o motor de 2 tempos tinha taxa de compressão elevada (10,8:1), que exigia a cara gasolina azul de maior octanagem, e o velocímetro ainda trazia a escala em milhas.
Nosso teste na época criticou a performance considerada tímida, especialmente para uma 2 tempos. A potência era semelhante à da Honda CG 125 de 4 tempos e o motor vibrava em excesso. O piloto se queixou que o acionamento dos comandos era “duro” e o curso do pedal de câmbio exagerado. A SS 125 tinha preço próximo ao da Honda ML 125, sem freio a disco e conta-giros.
A Harley-Davidson desistiu dos modelos de baixa cilindrada em 1978 e vendeu as instalações da Aermacchi para a italiana Cagiva. Na mesma época a Motovi vendeu a linha de montagem para a vizinha Honda, sem nunca ter concluído a nacionalização das motos como foi exigido pela administração da Zona Franca.
As SS 125 se tornaram raras no país, pois as peças de reposição se tornaram praticamente inexistentes. Em 1981, investidores liderados pelo neto de um dos fundadores da Harley-Davidson, Willie G. Davidson, recomprou a fabricante nos EUA. Iniciaram um processo de recuperação da marca, focando modelos de alta cilindrada com performance aprimorada.
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