sábado, 6 de julho de 2019

LIVRAI-ME, SENHOR, DO HOMEM MAU

“Livrai-me, Senhor, do homem mau; preservai-me do homem violento, que provoca discórdias diariamente, que aguça a língua qual serpente, que oculta nos lábios veneno viperino.” O salmo 139 das Sagradas Escrituras inicia proclamando essa invocação pessoal de lamúria. O hino é um desabafo do autor perante o mal que o cerca e, ao mesmo tempo, uma profissão de fé. Por isso, confiando em Deus, grita que o salve, que o proteja. A pessoa má é violenta e quem pode libertar o justo desses ataques criminosos é somente Deus.

Como age esse homem mau? O autor do salmo diz que é malvado, faz guerras, aguça a língua, é ímpio, cria uma rede de falsidades, fraudes e enganos. Estamos, portanto, presente perante a uma grave difama: “Orgulhosos, armam laços contra mim e estendem suas redes, e junto ao caminho me colocam ciladas.” Essa linguagem simbólica dos laços, das redes e ciladas são típicas do mundo da caça. Assim, mostra o fiel como está realmente em perigo a vida dele e quem pode tira-lo dessa situação é somente Deus.

E nos versículos de 7 a 12 têm a invocação do fiel, baseada na confiança em Deus, com a certeza de ser ouvido: “Vós sois o meu Deus. Escutai, Senhor, a voz de minha súplica. Senhor Deus, meu poderoso apoio! Vós protegeis minha fronte no dia do combate... Que não levantem a cabeça os que me cercam; sobre eles recaia a malícia de seus lábios. Carvões ardentes chovam sobre eles: sejam lançados numa fossa de onde não se ergam mais. Não terá duração na terra a má língua; o infortúnio surpreenderá o homem violento.”

A oração manifesta claramente que o chefe dos malvados não terá sucesso, mas será derrotado. Toda aquela estratégia de calunias e difamações se tornam um campo de batalha, de guerra, em que Deus defende e combate com o seu fiel. Perante todo o mal que se abate nele, Deus o defende e protege. E, por isso, o salmista termina dizendo: “Sei que o Senhor defende o desvalido, e faz justiça aos pobres.” A fé do fiel é a verdadeira arma de sua defesa e da sua vitória. É a certeza que Deus sabe discernir todos os seus dramas, as noites das trevas, as suas ameaças de opressão para liberta-lo e fazer-lhe justiça.

Assim sendo, ele discerne a luz da esperança que o rende um fiel livre de todo mal: “Os justos celebrarão o vosso nome, e os retos poderão viver em vossa presença.” Nesse sentido, fica bem definido que o ser humano que privilegia a violência, o mal, faz a opção pela morte, e, no entanto, o ser humano que busca a intimidade com Deus faz a opção da vida. Deus é a garantia da vitória sobre o malque ameaça a vida da humanidade. E o papa Francisco falou no dia 18.11.2018:

“Perante a dignidade humana espezinhada, muitas vezes fica-se de braços cruzados ou então abanam-se os braços, impotentes diante da força obscura do mal. Mas o cristão não pode ficar de braços cruzados, indiferente, nem de braços a abanar, fatalista! Não... O crente estende a mão, como Jesus faz com ele. Junto de Deus, o grito dos pobres encontra guarida.”

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia - Belém/PA.


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