sexta-feira, 19 de julho de 2019

COMO É BOM PARA IRMÃOS UNIDOS VIVEREM JUNTOS

O salmo 133 das Sagradas Escrituras é repleto de alegria, ao exaltar a fraternidade e a comunhão entre as pessoas. O hino é contextualizado na procissão dos peregrinos, provindos de todo lugar da Terra Santa, que vão ao Templo. Nesse sentido, pode ser representado o Israel unido, uma comunidade de fé, que consegue viver na paz e tranquilidade. Na história do cristianismo, este salmo foi resgatado como ideal da vida religiosa comunitária. De fato, Santo Agostinho achou este hino como o lema da vida monacal. Veja o texto, bastante breve, mas conciso:

"Oh, como é bom, como é agradável para irmãos unidos viverem juntos. É como um óleo suave derramado sobre a fronte, e que desce para a barba, a barba de Aarão, para correr em seguida até a orla de seu manto. É como o orvalho do Hermon, que desce pela colina de Sião; pois ali derrama o Senhor a vida e uma bênção eterna."

Temos aqui imagens simbólicas: o óleo e o orvalho. O que significam? O óleo perfumado simboliza várias situações e atitudes, entre elas a hospitalidade, alegria, festa e também consagração sacerdotal e da realeza. E aqui o autor do salmo apresenta a consagração sacerdotal que se referia ao sacerdote Aarão, pai do sacerdócio bíblico. Continua o salmista narrando a sacralidade da fraternidade, representada aqui com a barba. A barba no Oriente é concebida como vitalidade e potência; e as vestes são a dignidade. Portanto, uma consagração que engloba todo o ser humano na sua corporeidade.

No entanto, o orvalho representa a vida, a fecundidade. Perante uma situação de deserto, clima estéril, o orvalho muda numa realidade produtiva. Assim sendo, a fraternidade é tão sagrada que é parecida ao orvalho para as vidas das pessoas e do país. Por isso, o fiel sonha com o rico orvalho do monte Hermon, 2760 m de altura, que espalha por toda a terra de Israel, alcançando a grande Jerusalém, dando-lhe frescor e fecundidade de vida.

Nesse sentido, a fraternidade deve reinar em todo Israel, em todo o seu povo. E isto representa uma bênção de Deus que dá vida para sempre. É um hino do amor dos filhos de Deus que estreitam laços de firme fraternidade: Deus conosco. Assim sendo, experimentando esta caridade fraterna, saboreia-se antecipadamente a Jerusalém celeste, onde desaparece toda lágrima, dor, guerra, ódio e morte. Vida para sempre. E, portanto, perante tudo isso a imensa população, de todas as raças e línguas, elevarão um canto de louvor e de alegria ao Senhor da vida. O papa Francisco escreveu na mensagem para o Dia Mundial da Paz, em dia 01.01.2014:

“Uma fraternidade privada da referência a um Pai comum como seu fundamento último não consegue subsistir. Uma verdadeira fraternidade entre os homens supõe e exige uma paternidade transcendente. A partir do reconhecimento desta paternidade, consolida-se a fraternidade entre os homens, ou seja, aquele fazer-se «próximo» para cuidar do outro.”

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia - Belém-PA.


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