sábado, 11 de março de 2017

DEUS NOS FALA

Evangelho de Mateus 5, 1-12

“Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo: Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.”

O sermão da montanha é a proposta da verdadeira e genuína felicidade. Nessa pregação, o evangelista Mateus nos apresenta dois tipos de ouvintes: as multidões e os seus discípulos. Neste cenário, os discípulos são os mais próximos. Além disso, temos a montanha onde se revela a Palavra de Deus. Neste sentido, lembramo-nos, por exemplo, da montanha do Sinai onde Israel recebe os dez Mandamentos. Isto quer dizer que a montanha não tem um valor topográfico, mas significa o lugar da revelação divina.

O fato de sentar-se mostra a típica colocação daquele que ensina. O seu ensino se reveste de toda a autoridade. É Ele que veio autorizado a revelar a vontade do Pai. E perante este ensino precisa que o ser humano se decida e mude a sua vida.

As bem-aventuranças são sinais da presença de Deus entre nós. Percebendo esta proximidade, a nossa vida se torna feliz. Jesus fala para o povo simples: pobres, oprimidos, indefesos e marginalizados. E proclama para eles a boa notícia da vida no Reino de Deus. Por isto os parabeniza, porque os proclama felizes. Certamente, não para exaltar a pobreza e a miséria do ser humano, mas porque Deus age para tirá-los dessas condições desumanas.

É esta perspectiva de salvação que proporciona a grande felicidade. Assim podemos excluir totalmente a questão moralista da mensagem de Cristo.
Estes pobres aflitos não são os melhores nem tanto os mais disponíveis que os outros, mas porque são os indefesos e oprimidos. Deus fica do lado deles, enquanto defensor daqueles que neste mundo não tem quem possa ajudá-los.

É esta uma mensagem de esperança para uma libertação mais próxima. Enfatiza-se nesta série de felicidade ao ser humano aquela que sofrer por causa de Jesus. Isto é, se alguém sofre como cristão não tem que se envergonhar ou se arrepender, mas pelo contrário, louvar a Deus por este nome.
Todas estas promessas se tornam uma consolação para aqueles que seguem a Jesus. Esta ótica do discurso da montanha nos ajuda a compreender a santidade das pessoas.

Assim sendo, todos nós podemos perseguir esta mística tão fundamental para a nossa sociedade. Concluindo, as bem-aventuranças de Jesus anunciam definitivamente o novo projeto de Deus que acolhe os pobres e os excluídos. É essa uma denúncia contra o sistema que gera pobres e injustiçados. Nessa lista, percebe-se que a primeira categoria dos pobres em espírito e a última dos perseguidos por causa da justiça recebem a mesma promessa do Reino de Deus.

É interessante que, desde já, se cumpre tudo isso, porque o Reino de Deus é já presente na vida deles. E entre essas duas categorias temos mais outras seis que recebem a promessa do Reino de Deus. Nessa promessa, o projeto do Senhor quer reconstruir a vida na sua totalidade por meio de uma nova relação com os bens materiais, com as pessoas entre elas e com Deus.

E a comunidade cristã deve ser, nesse sentido, um exemplo para ser imitado de como se entra na lógica de Deus, Senhor da vida. Pergunto-te: teve momentos de verdadeira felicidade? E essa felicidade foi ou é como a daquela que Jesus proclamou nas bem-aventuranças?

Fonte: Claudio Pignhin - Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.

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