terça-feira, 4 de abril de 2023

ROBSON OLIVEIRA - Resenha Política

 ARCABOUÇO 

Ao que parece o intelectual da USP e ministro da Economia Fernando Haddad tem pela frente uma luta infernal para convencer os congressistas – uma parte fisiológica e outra mais numerosa conservadora – a aprovarem o “Arcabouço Fiscal” anunciado antes de concluso todo o projeto a ser enviado ao Congresso Nacional para debate e votação. A começar pelo rótulo (arcabouço) e passando pelas explicações tecnicistas, o ministro de Lula terá um caminho longo para conseguir adesão ao plano de nome com pouco (o nada) apelo político.   

MARKETING 

Um plano econômico em si não é algo fácil de compreensão ao homem médio da sociedade, mas qualquer caboclo das barrancas dos igarapés do Oiapoque ao Chuí compreende quando o governo aperta o cinto do andar de baixo e o piloto da economia está perdido. A mídia se encarrega de esmiuçar o ‘economês’ quando os agentes políticos não sabem se comunicar de forma menos intelectualizada com a população. Haddad será cobrado por todos na hipótese não saber passar confiabilidade na economia com uma estratégia de comunicação bem sólida e agressiva.  

OBSEQUIEDADE  

Cortar gastos para fazer superavit primário qualquer pessoa com conhecimentos rudimentar consegue se sobressair. Somente a estabilização da economia e a volta do crescimento são capazes de sufocar parte da política extremista que alimenta o ódio num país dividido. Os desafios para Haddad são monumentais uma vez que não dispõe de uma narrativa compreensível capaz de arregimentar adesões imediatas. Pelas pesquisas divulgadas recentemente o eleitor ainda está cético com um panorama econômico virtuoso. Há mais desconfiança do que otimismo. Embora a maioria, mesmo apertada, torce que o governo dê certo para o bem da nação e dos cidadãos que não se alimentam do obsequioso ódio ideológico que devasta as relações entre os brasileiros.  

FAKE  

É impressionante o número de pessoas que usam as redes sociais para destilar seus desatinos. Cem dias após a posse do atual governo, os “guerrilheiros” virtuais permanecem ativos espalhando todo tipo de fake news que alimenta o ódio e realimenta os entrincheirados a disseminarem mentiras nas plataformas digitais. É um processo extremamente de rompimento porque a inverdade travestida de “nova verdade” se espalha numa velocidade de fogo em palheiro. A rede hoje acolhe e ajuda a espraiar o que tem de mais pernicioso no momento que é o fake e é esse pessoal que Haddad agora vai ter que também enfrentar com uma narrativa mais convincente do que as mentiras por eles propagadas.  

ESCATOLOGIA  

Há um adágio que diz, ‘prego batido, ponta virada’. É possível que tenha sido este anexim utilizado pela autoridade governamental ao nomear mais uma vez um assessor supostamente responsável em desviar madeira nobre apreendida, mas que fora destinada legalmente para ações de caridade. Em tempos de Semana Santa, ao que parece, cada prego batido em favor da indicação governamental é um prego na cruz da esperança de quem necessitava da madeira para erguer um casebre. O ditado popular revela o quanto Barrabás ainda está vivo no inconsciente cristão e governamental. Não há outra interpretação senão escatológica a obscenidade de tal nomeação.  

RISCO 

Rondônia é indiscutivelmente um reduto antipetista que o bolsonarismo fincou raízes e floresceu. São inúmeros parlamentares rondonienses eleitos que utilizam da mesma linguagem extremista de direita com o objetivo de manter-se conectado com este nicho ideológico. Mas como diria o político mineiro Magalhães Pinto, ‘política é como nuvem’... e, sendo assim, basta a economia melhorar a vida da maioria em 2024 para que o discurso raivoso feito com toda soberba vire um risco eleitoral nas eleições que se aproximam.  

SEGURANÇA 

O aumento da violência em todo estado é atualmente o maior gargalo e desafio para a Segurança Pública do governo do coronel Marcos Rocha. Esta escalada está muito ligada ao tráfico de drogas, furtos e roubo. Ainda durante a campanha o coronel Rocha foi obrigado a mudar a cúpula da pasta senão contaminaria a campanha. Com a mudança, na época, pouco mudou e os índices de violência continuaram subindo. Nestes cem dias de governo os índices não baixaram, mas a decisão governamental em colocar totem nas principais ruas da capital que captam a imagem das pessoas e imediatamente cruzam as imagens  com o banco de dados da criminalidade é uma decisão exitosa de inteligência policial. É um começo, necessitando que sejam também implantados nos bairros periféricos onde a violência campeia, além de outras ações importantes que ajudam a derrubar os índices e provoquem na população sensação de segurança. 

FEMINICÍDIO 

Com os números crescentes nos casos de feminicídio é preciso que haja ações públicas efetivas para que também caiam. O Governo Federal começa a fazer sua parte em aprovar uma lei que obriga as Delegacias das Mulheres a funcionarem todos os dias e o dia todo. Aliás, em Rondônia, o deputado estadual Delegado Camargo, antecipando-se a lei federal, aprovou uma similar, obrigando que a delegacia funcione 24 horas, todos os dias. Independente das divergências naturais da política, o importante é que os casos de feminicídio caiam com o apoio de todos nós. Se possível a zero.   

MEIO AMBIENTE 

Como este cabeça-chata havia previsto ainda em dezembro do ano passado, antes da posse de Lula, o meio ambiente voltaria a ser tratado como primordial às políticas públicas. São várias as operações de combate aos crimes ambientais em andamento com investigações bem adiantadas. Há entre parte da classe política a defesa cega e inconsequente do setor agropecuário, agricultura, extrativismo vegetal e extração aurífera, uma concepção equivocada de que vale a pena sacrificar nossas riquezas florestais, minerais e os mananciais em nome do progresso. Todos estes setores econômicos são importantes para Rondônia e para o desenvolvimento. No entanto, há regras a serem respeitadas e tais regras são violadas em nome do lucro. A fiscalização com o combate firme e inexorável aos crimes ambientais é tão importante para o futuro econômico dessas atividades como para a nossa própria sobrevivência, embora os depredadores e seus porta-vozes professem do contrário. 


Fonte: Jornalista Robson Oliveira - Porto Velho-RO.






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