O Brasil não pode continuar a ter dezenas de partidos, criados só para dilapidar os cofres públicos
Vejam a fortuna que os políticos brasileiros têm para as eleições de outubro: R$ 5 bilhões de fundo eleitoral e mais R$ 2 bilhões de fundo partidário. É dinheiro que não acaba mais. E olhem esta novidade: só o fundo partidário (R$ 5 bi) é maior do que o PIB (Produto Interno Bruto) de 96% das cidades brasileiras. Temos 5.568 municípios (e isso sem contar Fernando de Noronha e o Distrito Federal) e só cerca de 220 têm mais dinheiro do que o fundo.
O PIB,. como todo mundo sabe, é o resultado da soma da produção nacional de bens e serviços em determinado período, (geralmente um ano). Ora, mas os partidos não produzem nada. Aí é que a porca torce o rabo. Quem dá o dinheiro para os partidos somos nós. E você pode pensar: político tem dinheiro saindo pelo ladrão. Defende interesses próprios e até mesmo pratica a corrupção.
O Brasil tem 33 partidos legalmente formalizados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), mas neste ano, por exemplo, se não houver modificação, apenas dois disputam o poder: um pela esquerda (Lula), e outro pela direita (Bolsonaro). Surge, então, uma das críticas que você mais deve ter ouvido. Temos muitos partidos, mas eles estão na mão de poucas pessoas. Não servem aos interesses coletivos, mas a grupos ou indivíduos que querem se perpetuar no poder.
Isso é clientelismo com dinheiro público, essa é que é a grande verdade. O Brasil não pode continuar a ter dezenas de partidos, criados apenas para dilapidar os cofres públicos. A reforma política tem que ser a mãe de todas as reformas. Até agora, vimos um problema, mas não nos esqueçamos que a política é a arte do convívio entre os diferentes e a forma como resolvemos nossas disputas, como decidimos sobre questões que afetam a todos (ou a muitos, pelo menos) e agimos para planejar um mundo diferente.
Temos que entender que a política se faz no dia a dia e por todos nós, não só na hora de votar. Daí a importância de fomentarmos diálogos construtivos e de qualidade, sobretudo, em termos de polarização. É claro que o custo da política neste ano tem um preço absurdo, atendendo aos interesses de muitos políticos. Mas não será sempre assim. Até porque a sociedade não aguenta com esse custo, feito com dinheiro da saúde e educação.
Não podemos nos esquecer de que o princípio básico da política é a democracia. E nesse esquema o poder emerge do povo. A democracia é um regime político que parte do pressuposto de que todos os indivíduos são iguais perante as leis. E vale lembrar que, nos últimos anos, a política passou a ocupar um lugar central no nosso dia a dia. É verdade que o mundo da política, pela sua complexidade, assusta muita gente.
O novo cardeal da Amazônia Dom Leonardo Steiner, nomeado recentemente pelo Papa Francisco, diz que a política deve voltar a ser assunto nos bares, nas escolas e na universidade. E é isso mesmo. Tamanha a importância para todos nós.
Fonte: Ricardo Path -Formado em administração e direito. - (Jornal Diário da Região/São José do Rio Preto-SP).
(SJRP)
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