terça-feira, 21 de setembro de 2021

MOTORHOMES - Setor de motorhomes lida com alta demanda e falta de peças

 



Embaixo de um motorhome, há um automóvel. Essa premissa explica o problema dos empreendedores que fabricam ou alugam esses veículos: os modelos viraram tendência em meio a pandemia, mas há dificuldades para atender a demanda.

A falta de componentes e a inflação dos insumos -- como o aço, que acumula alta próxima a 100% entre 2020 e 2021 -- atrasam a produção de veículos leves e pesados. Por consequência, há aumento nos custos e demora na entrega de componentes para a montagem das casas obre rodas.

"Tivemos dificuldade em 2020 por conta da pandemia e do atraso das importações. Algumas peças que deveriam ter chegado no primeiro semestre só desembarcaram no final do ano passado", diz o engenheiro Júlio Lemos, que é um dos fundadores da Estrela Mobil Motorhomes.

Os problemas de montagem ocorrem em meio ao aumento da procura. Segundo os dados da Estrela Mobil, as vendas cresceram 60% na comparação entre os primeiros sete meses de 2020 e de 2021. 

"Quando surgiu a pandemia, começaram a aparecer aquelas pessoas que, mesmo antes da quarentena, [já pensavam em um novo formato de viajar ou que não sabiam que existia a cultura de motorhome no Brasil", afirma lemos. "A pandemia não foi um empurrãozinho, mas, sim, um grande pontapé para esse crescimento".

O Vandão Motorhome, empresa focada no aluguel, registrou crescimento de demanda em períodos cujas ativiades eram nornas. A lista de espera tem 175 nomes cadastrados. 

"Estamos com muita dificuldade para encontrar peças -- principalmente as importadas -- para montar os motorhormes que algugamos , e os veículos zero-quilômetro aumentaram bastante de preço", diz Aline Frediani, diretora de marketing da empres.

O aluguel de um motorhome é calculado com base no número de diárias e na quilometragem rodada. Viajar com um veículo para seis adultos por sete dias (média de 2.500 quilômetros) custa R$7.927 no Vandão, com taxas de seguro e limpeza inclusas.

Os problemas de fornecimento afetam os planos futuros. Segundo Aline, a empresa pretende substituir os veículos com mais de três anos de uso até o fim de 2022, mas a escassez de componentes tende a perdurar.

Ao mesmo tempo, é preciso fazer um planejamento que considere mudanças no mercado de motorhomes. "Acreditamos que, com a regularização das atividades [após as restrições da pandemia], a demanda será menor no próximo ano e a tendência da procura é diminuir", afirma Aline. 

Segundo a Estrella Mobil, o perfil do público mudou com a Covid. Em 2018, 80% dois compradores eram aposentados e profissionais liberais. Apebnas 20% das vendas eram direcionadas a um cliente com idade até a faixa dos 40 anos.

Com a pandemia, houve aumento deo interesse pelos veículos entre pessoas mais jovens, e as vendas nesse segmento passaram dos 20% para 35% do total.

A falta do preço das vans que servem de base para a maior parte dos motorhmes tem pressionado os construtores. Hoje um furgão Renault Master é comercializado por a partir de R$ 206,8 mil. Em janeiro do ano passado, o preço sugerido era de R$ 115 mil. 

De acordo com a Estrella, um motorhome para quadro adultos custa, em média R$ 380.00 mil. Trata-se de um veículo com valor elevado, mas a procura segue alta.

"Estamos ampliando a fábrica para nos adequar à demanda. Hoje nosso prazo de fabricação varia de quatro meses para veículos menores e até 12 meses para os caminhões de expedição", diz Lemos, que espera crescer 20% em 2022 na comparação com 2021.

Oskar Kedor, fundador da startup Mobility S/A, participou de fóruns que discutiram o futuro do turismo e da mobilidade. Os cenários traçados ao longo de 2020 mostravam que o mercado de viagens corporativas seria o último a se recuperar, enquanto o segmento de motorhomes passaria pela maior expansão.

"Estamos com uma demanda reprimida também nos EUA e na Europa. Quem produz está inflacionando o mercado, tem fila de espera", diz Oskar. O empresário explica que o motorhome se tornou prioridade para pessoas que adiavam o sonho de fazer  uma longa viagem em família.

Ele compara os modelos mais luxuoso com os iates, que têm marinas com estrutura para receber viajantes de alta renda. Esse é um público que começa a se formar, interessado em modelos que custam R$ 700 mil.

Apesar das dificuldades, o empresário vê surgir oportunidades no setor de turismo em meio à pandemia.

"Temos profissionais que, por exemplo, fazem viagens a destinos próximos e ali conciliam o seu home office com momentos de lazer", diz Oskar.

"Mais do que fechar pacotes tendo em vista apenas os períodos de férias, o agente de viagem passa a ser um consultor para oferecer as opções que melhor atendam às necessidades e experiências desejadas pelo cliente em suas demandas de mobilidade".

Fonte: Eduardo Sodré / Jornal Folha de São Paulo - (Postagem realizada na cidade de São José do Rio Preto - SP).


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