Motos sem freio e com espinhos metálicos nos pneus disputam em ovais de gelo na Europa
A temperatura de -14°C não é suficiente para afastar o público que assiste a motos que mais parecem bicicletas acelerando no gelo. Elas rasgam as retas do oval coberto por neve a 130 km/h e fazem curvas quase deitadas no gelo, graças a “espinhos” metálicos de 3 cm presos aos pneus.
Nos Países Nórdicos e do Leste Europeu o motociclismo enfrenta os caprichos do clima nessa variação do Speedway disputada há quase tanto tempo quanto a modalidade de terra, criada na Austrália na década de 1920. O Ice Speedway tem status de campeonato mundial homologado pela FIM (Federação Internacional de Motociclismo) e é até transmitido por canais locais.
Pilotos russos dominam o esporte há 20 temporadas consecutivas, mas entre os top 10 também estão suecos, alemães, austríacos e finlandeses. A moto que aceleram tem motor de 1 cilindro e 500cc preparado com alta taxa de compressão (usa metanol), peso total abaixo de 80 kg e não usa freios. O câmbio só tem duas marchas, com a 1ª especialmente para ajudar nas largadas.
Partir bem é fundamental no Ice Speedway, já que todos alinham lado a lado no grid como no motocross. Tudo acontece rápido nas quatro voltas de menos de 500 metros e o guidão quase toca o gelo nas curvas. Qualquer erro ou instabilidade na moto – o que é comum – representa ceder a posição e dificilmente há tempo para recuperá-la.
Fazer as curvas perdendo o mínimo de velocidade e com bom traçado é fundamental para vencer, já que a frenagem não é um fator diferencial entre os pilotos. A aderência é garantida pelo pneu dianteiro com cerca de 90 espinhos metálicos e o traseiro com 200, concentrados do lado esquerdo para ajudar nas curvas feitas somente em sentido anti-horário.
Em países onde o uso da moto é tão restrito uma modalidade radical como o Ice Speedway reúne fãs e faz heróis locais. Crianças usam bonés decorados com espinhos de metal iguais aos dos pneus das motos, marcas internacionais patrocinam o campeonato de olho nos mercados locais e canais a cabo transmitem os eventos. O calendário da modalidade é curto, se concentra nos meses de inverno do Hemisfério Norte, geralmente de janeiro a março.
Fonte: Revista Duas Rodas.
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