sexta-feira, 14 de maio de 2021

O PODER DA PACIÊNCIA - As pessoas são apenas seres humanos

 Eu adoro estar casada. É tão bom encontrar aquela pessoa especial que você quer irritar o resto da sua vida.

RITA RUNDER

Antes de conhecer meu marido, morei durante quatorze anos com um homem chamado Will. Nos últimos seis anos do nosso relacionamento, ele tinha um emprego muito dinâmico, muito extenuante e distante uma hora e meia de onde morávamos. Eu nunca sabia quando ele chegaria em casa. Nessa época não havia telefones celulares, e por isso eu lhe fiz o que, para mim, era um pedido simples: "Por favor, me telefone às 17 horas todos os dias para dizer a que horas você vai sair do escritório. Assim, poderei planejar o jantar, etc".

Fácil, certo? Mas ele não conseguia, pelo menos não regularmente. Telefonava vários dias seguidos e depois esquecia. Tinha ficado preso em um reunião ou em um avião. O que quer que fosse. Eu não conseguia que ele atendesse o meu pedido. Quanto mais ele esquecia, mas zangada eu ficava. Por fim, minha paciência se esgotou; cada pequeno esquecimento no dia a dia era um lembrete doloroso de todas as vezes que ele tinha esquecido de avisar. Will começou a me evitar, porque eu só fazia reclamar.

Se há uma lição que eu gostaria de ter aprendido antes dos meus 40 anos é de que não é possível controlar o comportamento de alguém. Com toda a sinceridade, você não consegue. As pessoas serão sempre pessoas. No entanto, muitas das nossas comunicações no trabalho ou em casa parecem partir do pressuposto de que somos capazes de fazer a outra pessoa  se comportar como desejamos. Nossos esforços podem fazer o outro compreender um pouco mais do que queremos e as razões pelas quais queremos, mas, no final, cabe à pessoa decidir mudar ou não. Podemos oferecer apoio, mas não conseguimos fazê-la entrar no nosso ritmo.

Não posso controlar se meu marido não faz ou não os exercícios para a coluna, mas posso apoiá-lo na nora de fazê-los, caso ele queira. Não posso controlar a motivação de meus empregados, mas posso criar as condições que aumentariam a probabilidade de eles assumirem mais responsabilidade. Não pude nem controlar o momento em que minha filha de 3 anos deveria aprender a pedir para ir ao banheiro, embora pudesse incentiva-la.

Para a maioria de nós, esse é o ponto tão fraco que, em The Inner Game of Work (O jogo interno do trabalho), Tim Gallwey apresenta uma lista do que podemos ou não controlar em relação às outras pessoas. Você não pode controlara atitude ou a receptividade de uma pessoa; o quanto ela ouve; suas motivações e prioridades; sua disponibilidade; o fato de ela gostar ou não de você; a capacidade de compreender o seu ponto de vista e aceitá-la; a maneira como ela interpreta o que você diz.

Você pode controlar as suas atitudes em relação a uma outra pessoa; sua própria atitude em relação ao aprendizado; sua maneira de ouvir; sua aceitação do ponto de vista de outra pessoa; seu respeito em relação ao tempo dela; sua expressão de entusiasmo pela ideia dela; a quantidade de tempo que você gasta ouvindo e falando; sua autoimagem.

Perceba a diferença entre as duas listas. Você não pode controlar nada a respeito de uma outra pessoa, mas é capaz de exercer controle sobre a maneira pela qual você se relaciona com ela, criando assim uma possibilidade muito maior de ela acatar o seu ponto de vista.

Quanto mais reconhecermos a nossa completa falta de controle sobre os outros, mais pacientes nos tornaremos, porque deixaremos de nos exasperar com suas maneiras de ser e começaremos a direcionar nossa paciência para a pessoa certa; nós mesmos, já que a nossa mudança fará com que tenhamos mais chance de que os outros mudem.

Em circunstâncias desafiadoras com outros seres humanos, o melhor que temos a fazer é lembrar da Oração da Serenidade: "Senhor, dê-me serenidade para aceitar as coisas que não posso mudar, coragem para mudar as coisas que posso e sabedoria para distinguir uma das outras"



Fonte: Trecho do Livro - O PODER DA PACIÊNCIA - Autora: M.J. Ryan / Editora Sextante.
















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