Ele entrou na sala da diretoria da Aneel, na manhã dessa quarta, simbolicamente, com a lança em punho, tal qual Dom Quixote contra os moinhos. Lúcio Mosquini sabia que estava numa missão quase impossível, para tentar convencer os burocratas e dirigentes da agência reguladora do setor energético nacional, de que o reajuste de mais de 25 por cento nas contas de luz do rondoniense, programadas já para esse mês, é uma medida injusta e absurda. Levou para o encontro com o diretor presidente da Aneel, André Pepitone da Nóbrega, não só números que contestam os cálculos feitos para esse imoral reajuste, que vai impactar duramente no bolso e na vida de milhares de rondonienses. Levou também pedido de uma revisão de todo o contexto do aumento, para que ao menos ele seja reduzido em cerca de 8 por cento, que representam exageros embutidos no custo final do cálculo autorizado para assacar contra Rondônia e seu povo. Ele exigiu, em documento entregue à Aneel, que seja descontado do reajuste, um débito de 110 milhões, de responsabilidade da distribuidora, já que, alegou, a concessionária teria um crédito de 105 milhões. Ora, num encontro de contas, ao ser incluído na nova tarifa, todo esse valor, relacionado com a diminuição da atividade da usina termoelétrica Termonorte II, restariam apenas 5 milhões em dívidas a serem pagas pelos consumidores. Ao invés dos mais de 8 por cento que isso representaria no preço final, no rateio da dívida, o valor cairia para 0,42 por cento. Ou seja, é essa diferença que Mosquini quer ver descontada, no cálculo dos 25 por cento. O aumento ficaria, então, perto de 17 por cento. É uma situação complexa, com cálculos daqui e dali, mas que no final, estouram no mesmo bolso: os dos que usam a energia elétrica no nosso Estado.
No encontro com Aneel, Mosquini falou em nome de todo o Estado, incluindo Governo, Assembleia Legislativa e mais de 50 entidades que estão mobilizadas, exigindo a revisão das tarifas e a diminuição desse cálculo indecente que incidiu nas contas de energia. Mas, antes de tudo, o deputado federal reeleito com quase 39 mil votos, representou todos os 650 mil consumidores rondonienses, que estão indignados com o que está acontecendo. Ao autorizar a cobrança de uma só vez, de um percentual cinco vezes e meia a inflação do ano, a Aneel deixou claro que está se lixando para a a população do nosso Estado, que terá que pagar (outra vez!) dívidas acumuladas anos a fio, por administrações incompetentes e por gerências cercadas de falhas e incorreções no seu trabalho. Mosquini saiu da reunião com o comando da Aneel com alguma esperança. Falou duro e exigiu respeito à população de Rondônia. Terá conseguido alguma coisa concreta, como a diminuição, ao menos de 25 por cento para 17 por cento no aumento das contras de luz? Só em alguns dias saberemos...
NATAL ATRÁS DAS GRADES
As ações da polícia, junto com Ministério Público e Judiciário se acumularam nesse final de ano. Muita gente, antes aparentemente poderosa, pode passar o Natal atrás das grades. Sem entrar no mérito de cada um dos casos, até pelo absoluto respeito ao direito da ampla defesa e o princípio de que todos são inocentes até que suas culpas sejam comprovadas, vê-se uma intensa mobilização dos órgãos de controle e policiamento, na busca de combater casos suspeitos de corrupção e outros crimes. Depois da prisão do vereador e deputado eleito Jair Montes, sob acusação de vários delitos pesados, as ações atingiram mais um servidor da Sedam, ainda na Operação Pau Oco, que descobriu uma série de rolos dentro da secretaria do meio ambiente. E, por último, a prisão do secretário de transportes de Porto Velho, Carlos Henrique, de seu adjunto, Fábio Vieira e outros servidores. Nesse caso, a contestação mais forte: em nota, o prefeito Hildon Chaves diz que a operação só pode se referir a problemas da administração anterior, já que no seu governo, os investimentos em sinalização (esse foi o mote da operação), diminuíram em mais de 7 milhões de reais. E dezembro ainda está longe de terminar.
CÓDIGO DOS TEMPLÁRIOS
Esperava-se para essa semana. Não será. A verdade é que provavelmente Marcos Rocha só irá anunciar sua equipe de Governo no dia da posse ou, por questões legais, um ou dois dias antes. A relação dos novos titulares das pastas precisa ser publicada no Diário Oficial do Estado, para ter valor legal. Como toda a estrutura do órgão que publica o D.O. estará de folga no período do final de ano, pode ser que Rocha se obrigue a anunciar seu time alguns dias antes de tomar posse, para que haja tempo para publicar os nomes e oficializá-los. No mais, o assunto continua absolutamente secreto. Nosso Coronel Governador mantém-se quieto e calado, não só sobre a montagem, bem como sobre qualquer ação que esteja sendo preparada para os primeiros dias da sua administração. A única novidade que ele divulgou nas redes sociais é por demais óbvia: seu líder na Assembleia Legislativa será o Sargento Eyder Brasil, não por coincidência, o único parlamentar eleito pelo PSL, o partido do novo Governador. Ambos postaram um vídeo comemorando a decisão, trocando elogios e afagos. Afora isso, tudo o mais que envolve o futuro governo de Marcos Rocha está envolto em tal silêncio, que pode ser comparada ao som inexistente nas profundezas do espaço sideral. Faltam exatos 14 dias para a posse do novo governo rondoniense e sua troupe, até agora, é tão secreta quanto o foi o Código dos Templários.
VERDADE OU SÓ FAKE NEWS?
Por falar em autoridades com problemas, corre uma história nos bastidores de que o futuro governador Marcos Rocha teria sondado, dias atrás, conhecido personagem da vida pública rondoniense, para fazer parte da sua equipe. O convite não teria chegado a ser feito, porque antes disso, Rocha recebeu informação de que o cotado para comandar um dos setores do governo, estaria respondendo processos. Com grande preocupação em não ter ao seu lado qualquer personagem que possa suscitar dúvidas em relação à uma vida ilibada, o novo Governador teria desistido do convite. Perguntado por esse jornalista se a história tinha fundamento, Marcos Rocha não respondeu ao questionamento, enviando a ele por escrito. No geral, aliás, o Coronel é muito reservado para comentar qualquer assunto que envolva sua futura equipe. Não se sabe se a história é verdadeira ou outra das tantas Fake News que cercam o futuro governo. Rocha não falou nada sobre isso.
HOLOFOTES SOBRE UM GRANDE EGO
De manhã, com seu ego do tamanho do Maracanã, o ministro Marco Aurélio de Mello fez o que mais gosta: trouxe para si todos os holofotes do país. Inesperadamente, já no período do recesso do Judiciário, decidiu, monocraticamente, mandar soltar todos os presos em segunda instância. Cerca de 170 mil deles seriam beneficiados, mas apenas um, é claro, estava na alça de mira da decisão e do interesse do país. Se mantida, a decisão de Marco Aurélio, o ex-Presidente Lula, preso para cumprir uma pena de 12 anos e meio, na Polícia Federal de Curitiba, seria um dos que saíram da cadeia. “Parem as máquinas!”, diriam os editores de antigamente, para segurar a edição do jornal que já estava sendo impressa, para mudar a capa e a manchete, em função do novo e grandioso assunto que surgira. Marco Aurélio viveu momentos de glória, sob a luz intensa das luzes da mídia nacional. Toda ela, sem exceção. Já sabia, claro, que tal devaneio jurídico duraria pouco, porque sua intenção já havia sido atingida. No meio da tarde, atendendo pedido da Procurador Geral da República, Raquel Dodge, o presidente do STF, ministro Dias Toffoli cassou a decisão do seu colega ministro. Ficou tudo como está. Mas que deu uma mexida no país, deu sim! Marco Aurélio Mello sim, esse brilhou, com seu ego exultando de felicidade. Lula e todos os outros 170 mil que estão na cadeia, continuam onde estavam...
GERALDO FICA E JEAN MENDONÇA SAI
Mudança de última hora: o ex prefeito de Pimenta Bueno, que foi diplomado deputado estadual na noite de terça, ficou menos de 24 horas com a vaga. Ontem à tarde, o TSE não aceitou recurso do MP eleitoral e determinou que fossem computados os votos da professora Francisca Valdecira. Com eles – pouco mais de 200 – quem fica com a cadeira é o agora deputado reeleito Geraldo de Rondônia. O Ministério Público Eleitoral tinha entrado com recurso, considerando o registro da candidatura da Professora como feita de forma ilegal e pedindo que os votos dela não fossem computados. Jean foi diplomado como deputado titular e Geraldo como primeiro suplente. Os dois disputam a vaga porque Geraldo havia sido beneficiado por pouco mais de 200 votos dados à sua companheira de coligação, a professora Francisca Valdecira. O Ministério Público Eleitoral entrou com recurso, considerando o registro da candidatura da Professora como feita de forma ilegal e pedindo que os votos dela não sejam computados. O caso entrou na pauta do TSE em pelo menos três oportunidades diferentes, mas foi decidido apenas na sessão dessa quarta, por 5 votos a 3, beneficiando a coligação de Geraldo. Jean está fora e o primeiro suplente na coligação de Geraldo passa a ser o deputado Jesuíno Boabaid. O caso, para simpatizantes dos dois políticos foi de tensão e aceleramentos cardíacos. Na terça, na Unopar, quando Jean foi diplomado, seus simpatizantes e eleitores comemoraram muito. Poucas horas depois, no dia seguinte, o bastão trocou de mãos. Foi uma novela tensa, com dias de aflição para os dois lados, até que a decisão final fosse anunciada.
ALGUNS DESTAQUES NO ROTEIRO
Na diplomação da terça-feira, afora a ausência de Jair Montes, que poderá receber seu diploma tão logo consiga um habeas corpus, já que está preso, não houve praticamente nenhum fato que possa se dizer que saiu do roteiro comum da solenidade comandada pelo TRE. Houve, contudo, alguns destaques, pequenos, mas importantes. O governador eleito Marcos Rocha fez um discurso rápido, citando Theodore Roosevelt, o 18º presidente americano e conclamando todos os rondonienses a se unirem em torno dos interesses maiores do Estado. Confúcio Moura foi um dos mais aplaudidos. O ex governador, agora senador, recebeu novos aplausos quando anunciou que dedicará todo o seu mandato em defesa da educação. Observou-se também várias caras novas entre os deputados estaduais eleitos. Dois ou três deles, por exemplo, totalmente desconhecidos no meio político do Estado. O senador Marcos Rogério, em seu discurso, deu destaque especial à participação feminina no Congresso, destacando as três deputadas eleitas (Mariana Carvalho, Silvia Cristina e Jaqueline Cassol), lembrando que, proporcionalmente, talvez seja a bancada federal com maior número de mulheres no Brasil. Outro destaque foi o auditório da Unopar. Tudo funcionando perfeitamente. Deveria ser o local escolhido para outros grandes eventos oficiais.
PERGUNTINHA
Não está na hora de revermos nossas leis, para não se permitir que um só ministro do STF ou de qualquer tribunal tenha tantos poderes para mudar a História, como os têm alguns membros do Judiciário brasileiro?
Fonte: Jornalista Sérgio Pires / Porto Velho-RO.
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