sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Médicos estão deixando o Ipam por falta de pagamento

Isso é inaceitável, já que todos os meses a contribuição assistencial vem descontada nos contracheques dos servidores.

Semana passada, enquanto eu aguardava atendimento na recepção de um hospital bastante conhecido, localizado na zona central de Porto Velho, para uma consulta de rotina, ouvi a secretária de um médico dizer para um cidadão que “o doutor vai pedir descredenciamento do Ipam, a partir de janeiro, porque, há seis meses, não recebe”.
Vi, no rosto daquele senhor, marcado pela ação implacável do tempo, um misto de raiva e decepção. Imagino o que se não deve ter passado pela cabeça dele: “Meu Deus, e agora, como vou fazer para me consultar, já que nas unidades de saúde do município não há sequer Dipirona, quanto mais médicos?”.
Fui chamado pela secretária do meu médico. No final da consulta, para minha surpresa, ouvi dele a mesma coisa que a secretária de seu colega dissera para aquele homem, ou seja, que também ele deixará de atender aos segurados do Ipam, a partir de janeiro, por falta de pagamento. Isso é inaceitável, já que todos os meses a contribuição assistencial vem descontada nos contracheques dos servidores. O que justificaria, pois, esse atraso?
Se o ex-prefeito Chiquilito Erse estivesse vivo, com certeza, já teria agendado uma audiência com o prefeito de Porto velho, doutor Hildon Chaves, para pedir que ele cuidasse melhor do Ipam. Como primeira providência, dentre outras coisas, Chiquilito pediria ao chefe do executivo que extirpasse, de uma vez por todas, o apadrinhamento que ali se teria instalado, passando pelo controle mais rigoroso na concessão de diárias, até a redução do quantitativo de cargos comissionados e funções de confiança.
Como todo mundo sabe, o Ipam era a menina dos olhos de Chiquilito, um patrimônio do servidor público. De tempos a este, porém, a menina tem sido brutalmente maltratada pela ação nefasta da incompetência. Não faz muito tempo, houve quem pretendesse lançar mão no dinheiro da previdência para comprar títulos podres. A malandragem só não se concretizou porque alguém resolveu (sabe-se lá o porquê) dar com a língua nos dentes. O assunto chegou aos ouvidos da Polícia Federal que mergulhou de cabeça do pântano para investigar. Algumas pessoas já teriam sido chamadas para prestarem esclarecimentos. A cada dia que passa aumenta o número de profissionais pedindo desligamento do Ipam, porque não estariam recebendo pelos serviços que prestaram (e ainda os fazem, com dignidade exemplar). Com a palavra o prefeito Hildon Chaves.
Fonte: Valdemir Caldas - (Tudo Rondônia).

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