domingo, 12 de abril de 2015

MÁGOAS

Quando nasci, num mês de tantas flôres,
Augusto dos Anjos
Tôdas murcharam, tristes, languorosas,
Tristes fanaram redolentes rosas,
Morreram tôdas, tôdas sem olores.

Mais tarde da existência nos verdores
Da infância nunca tive as venturosas
Alegrias que passam bonançosas,
Oh! minha infância nunca tive flôres!

Volvendo, à quadra azul da mocidade,
Minh' alma levo aflita à Eternidade,
Quando a morte matar meus dissabores.

Cansado de chorar pelas estradas,
Exausto de pisar mágoas pisadas,
Hoje eu carrego a cruz de minhas dores!

    14/I/1990
(O Comércio, de 17/I/ 1901)..

Fonte; Do Livro EU  / Outras Poesias - Poemas Esquecidos  / Augusto dos Anjos

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