quarta-feira, 15 de abril de 2015

DEUS NOS FALA

Evangelho de João 20, 19-31


Não é suficiente saber que Jesus ressuscitou, precisa experimenta-Lo ressurgido. Diz o evangelista João que os outros discípulos contaram: "Nós vimos o Senhor!" Mas Tomé disse: "Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei". O Evangelho inicia assim: "o primeiro dia da semana". Isto significa que a ressurreição de Jesus inaugura a nova vida, a nova criação. João se refere a esse primeiro dia da criação do Gênesis, onde começa a vida. Agora a nova vida que Jesus nos proporciona é diferente, porque, vencendo a morte, nos dá a capacidade de superá-la. Nesse sentido, o domingo é sagrado porque se reveste desse dia glorioso do Senhor, onde contemplamos a nova vida.

Continua o Evangelho, narrando que os discípulos se achavam trancados no cenáculo, por medo dos judeus: “Na tarde do mesmo dia, (...), os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus. Jesus veio e pôs-se no meio deles. Disse-lhes ele: A paz esteja convosco!”

O Mestre aparece a eles e deseja-lhes a paz. É um convite à alegria, à felicidade, porque Ele, o Messias, está vivo. Interessante notar que, quando os discípulos vivem sem a experiência de um Deus vivo, ressuscitado, eles têm medo e são tristes. Será que isso também não acontece conosco? No entanto, quando Jesus lhes aparece, o medo dá lugar à felicidade. Sentem-se fortes e seguros. Evidentemente, quem confere a verdadeira felicidade é a vida de Deus. Imagino quantos filhos e filhas de Deus buscam a felicidade em coisas efêmeras, mas isto é um percurso desgastante e ineficaz.

Continua o Ressurgido mostrando o quanto amou os discípulos e ainda os ama. Consequentemente, convida-os a se tornar colaboradores desse amor, enviando-os para testemunhar a todas as criaturas espalhadas no mundo. É essa relação de amor que salva e nos dá vida. É nisso que consiste a nossa felicidade. Com certeza, sabendo o Mestre da dificuldade dos discípulos para cumprir esse mandato soprou sobre eles: “Jesus soprou sobre eles, dizendo: ‘Recebam o Espírito Santo.’” Esse verbo se encontra já no começo do livro do Gênesis quando Deus criou o homem. Ele, com essa ação de soprar, deu-lhes a vida, força para continuar o seu testemunho de amor. Testemunho esse que precisa fazer resplandecer a 'luz' do amor, e, assim, aqueles que estão nas 'trevas' devem se sentir atraídos.

Às vezes, pergunto-me, por que muitas pessoas persistem nas coisas que não prestam, malvadas, horríveis? Será por que não enxergam a nossa capacidade de testemunhar essa 'luz' do amor? Aqui entra em cena o famoso discípulo Tomé, com a sua incredulidade. É interessante ver como Jesus lhe aparece não individualmente, mas comunitariamente, e propriamente na celebração da eucaristia (oito dias depois). A eucaristia é, assim, o momento mais importante para a comunidade em que o amor recebido pelo Senhor se transforma em amor compartilhado com os outros.

Nesse contexto, Tomé faz a grande profissão de fé: "Meu Senhor e meu Deus". Creio que a grande experiência de Tomé pode se tornar também a nossa, na medida em que podemos compartilhar esse amor com uma comunidade de amor que se deixa possuir por Jesus, o nosso Senhor. E conclui esse trecho do Evangelho com a bem-aventurança: "Felizes os que não viram e creram". Isto é diretamente para nós. O amor que se torna serviço nos permite de experimentar um Jesus vivo que anima a nossa vida. Essa é a nossa felicidade. Portanto, todos queremos e todos podemos conseguir essa verdadeira felicidade. E o evangelho finaliza: “Mas estes foram escritos, para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.”

Fonte: Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação


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