domingo, 19 de abril de 2015

A depressão levaria ao crime?

Boa parte da mídia apontou a depressão como uma das causas para Andreas Lubtiz, de 27 anos, ter provocado o acidente do avião da Germanwings.

Lubitz teve de se afastar por seis meses do curso de formação de pilotos, em 2009, para tratar um episódio grave da doença. Desde então, fazia acompanhamento. Em princípios, a promotoria alemã negou que ele ainda enfrentasse tendências suicidas recentemente.

Depressão é um problema bastante comum, que afeta até 29% da população em algum momento da vida. As pessoas podem ficar desanimandas, tristes, lentas, sem apetite, com insônia, ter dificuldade de concentração, irratilidade, entre outros sintomas. Pode ser necessário afastamento do trabalho e até internação. Depressão é o principal fator de risco para o suicídio.

Será que alguém deprimido jogaria um avião com 150 passageiros contra os Alpes? É pouco provável.

Muitas suspeitas froam aventadas, Lubitz teria uma namorada atual, professora em Dusseldorf, com quem estaria em crise e que estaria grávida dele. Ele teria tido um diagnóstico recente de descolamento de rentina (com risco de perda de visão), o que prejudicaria sua carreira de piloto. Foram descartadas motivações políticas ou religiosas.

Outra ex-namorada, aeromoça, conta que ele tinha alterações de comportamento. Segundo ela, Lubtiz dizia que seu nome seria lembrado para sempre. Isso poderia sugerir um delírio de grandeza, uma necessidade desmedida de se destacar, presente em várias alterações psiquiátricas.

Não é incomum que profissões extenuantes, como comandar um avião, levem à depressão. Tratados e acomaponhados, a maioria dos pilotos segue sua rotina normal. Lubitz teria uma série de arestados de licença médica em seu apartamento, inclusive um que cobriria o dia do acidente. Ele rasgou os documentos e não comunicou a empresa de sua condição médica. Na hora do acidente, teria encorajado o comandante a ir ao banheiro e trancado a porta da cabine. Suas atitudes sugere inen ção e até planejamento. Por outro lado, ele não deixou carta de despedida nem qualquer outra pista.

Lubitz poderia estar enfrentando algum tipo de delírio de perseguição ou de grandeza (ser lembrado para sempre), talvez estivesse sob efeito de algum tipo de droga, ou, ainda, pressões em sua vida poderiam ter acentuiado algum traço antissocial de sua personalidade. Faltam informações para fechar esse quebra-cabeça. Parece arriscado e impreciso afirmar que a depressão teria feito o copiloto provocar um crime tão grave. Há certamente outros elementos, possivelvelmente mais importantes.

Fonte: Jairo Bouer - Médico / Psiquiatria - Revista Época
(Postado em São Paulo-SP)




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