terça-feira, 19 de setembro de 2023

Tempo de uso de tela deve ser controlado em casa e na escola



Manuseio excessivo de dispositivo por crianças pode atrasar desenvolvimento cognitivo, dizem especialistas


Pais, educadores e autoridades em saúde travam uma batalha contra o uso excessivo de telas, enquanto o acesso à internet cresce dentro das salas de aula.

Segundo um estudo de 2022 do Comitê Gestor da Internet no Brasil, que mapeou a inclusão digital entre crianças e adolescentes no país, o acesso à rede nas escolas subiu de 82% para 87% de 2019 a 2020.

A ampliação do recurso pode ser positiva e vem ganhando espaço na agenda pública, mas acende um alerta reforçado por especialistas: é preciso regular o tempo que as crianças passam conectadas.

Os EUA têm discutido normas para moderar o uso de redes sociais entre o público. Em maio deste ano, o médico Vivek Murthy, autoridade máxima de saúde no páis, elaborou um documento de 25 páginas alertando sobre os riscos do excesso das redes na faixa etária, especialmente quando o assunto ésaúde mental.

"Ainda não temos evidências suficientes para determinar se redes sociais são seguras para crianças e adolescentes".

O governo sueco tomou posições ainda mais duras. O país anunciou que em 2023 investiria o equivalente a 60 milhões de euros para acelerar o retorno dos livros didáticos às escolas, no intuito de reduzir o tempo que as crianças passam em frente aos tablets e computadores.

Para a psicóloga Cecília Antipoff, doutora em Educação pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), pais devem entender que as telas podem ser um bom recurso, mas não são o principal deles.

A especialista acompanha casos em que há preferência por experiência em interfaces digitais, frequentemente repletas de filtros. A criança tende a olhar aquele universo como se fosse a vida real e ainda se sente vazia quando fica longe dele. "Cheguei a ouvir uma menina de seis anos dizer que, quando fica sem celular, sente que não existe".

Segundo a psicóloga, é crescdente a incidência do chamado abandono digital, quando os responsáveis negligenciam o que os pequenos acompanham na rede.  A internet se tornou o primeiro contato de crianças e adolescentes com diversos assuntos, e a falta de diálogo pode causar frustação e decisões equivocadas.

O estudo do Comitê Gestor da Internet no Brasil mostrou que 55% das crianças e adolescedntes procuram informações sobre alimentação na internet e 36% recorrem à rede em busca de exercícios e meios para "ficar em forma". Além disso, 12% das meninas e 7% dos meninos já se depararam com conteúdos sobre maneiras de cometer suícido.Carmos Krauss, 46, e Maria Luiza da Fonseca Corrêa, 43, são contra as telas nas escolas e desestimulam o uso de eletrônicos emtre suas crianaçs, que têm entre 4 e 11 anos.

"A TV, por exemplo, fica em um quarto da casa e não no centro. O horário para assistir é restrito e o controle remoto é dividido", diz o pai.

A Orghanização Mundial da Saúde (OMS) aconselha que crianças não sejam expostas a nenhum tipo de tela até dois anos de idade. Dos 2 ao 5 anos, não devem passar mais de uma hora por dia, e, dos 5 anos aos 17, o limite é de duas horas diárias.

O uso excessivo de tablets, smartphones e outras plataformas entre crianças e adolescentes trazem danos diversos, diz o neuropediatra Anderson Nitsche, professor da PUC-PR (Pontifícia Universidade Católica do Paraná).

Na primeira infância, quando o indivíduo coeça a reconhecer os sentidos, desenvolver a fala e a capacidade de se movimentar, o predomínio do ambiente digital pode atrapalhar o progresso cognitivo e motor.

O manejo das emoções é outro ponto comprometido. Quando começas a prender a lidar com os que sentem, crinaças são expostas a algoritmos que recompensam com conteúdos curtos e imediatos, sem intervalos para reflexão. Isso pode interfeir no modo como lidam com a frustação e reagem a problemas.

"É importante tert sempre um adulto que acompanhe o que a criança vê", diz Nitsche.

Fonte: Livia Inácio / Jornal Folha de S.Paulo


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