domingo, 10 de setembro de 2023

A quem interessa a morte da saúde privada? - Inviabilização pode afetar 50,3 milhões de usuários e solapar cadeia de serviços

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Uma fatia cada vez maior de receitas das operadors é comprometida com o pagamento a hospitais, clínicas e laboratórios pelo atendimento a beneficiários. (...) A chamada sinistralidade bateu 93,2% em setembro de 2022. Ou seja, a cada R$ 100 recebidos, as operadoras repassaram R4 93,20 aos prestadores.



A saúde suplementar brasileira encontra-se às voltas com uma espiral, se não for estancada, tende a inviabilizar a operação de centenas de empresas e o atendimento a milhões de brasileiros. Em 2022, as operadoras de planos médicos-hospitalares tiveram prejuízo operacional de R$ 10,7 bilhões - pior resultado em 25 anos e segundo exercios consecutivo  no vermelho. De onde vêm os maus resultados? A principal explicação é o aumento exponencial de custos com saúde.

A tendência é mundial, não ma particularidade brasileira, e caminha para agrabar-se. A indústria cria repostas cada vez mais potnetes a patologias, ampliando as chances de cura. Mas, em geral, tais opções chegam com preços exorbitantes, com tratamentos que custam até  R$ 7 nmilhões por paciente.

Tanto a saúde privada quanto a pública lidam com recursos finitos. Seus gestores precisam fazer as melhores escolhas, produzindo resultados eficazes para os pacientes a preços compáti veis com o que a sociedade é capaz de sustentar. Mas mudanças recentes têm prejudicado a melhor alocação dos recursos pelos planos de saúde.

Uma nova lei tornou o processo brasileiro de incorporção de medicmentos e tratamentos o mais rápido do mundo, com prazos exíguos para análise dos impactos. Outra lei modificou o caráter do rol de cobertura, criando condicionamentes frágeis para obrigar planos a oferecer itens fora da lista definida pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). E o próprio órgão regulador retirou o limite para sessões com psicólogos, fonoaudiólogos, terapeuatas ocupacionais e fisioterapeutas ocupacionais e fisioterapeitas com cobertura obrigatória.

Foram alterações que atingiram pilares de um setor que opera com base no mutualismo - isto é, como num seguro, muitos pagam para que em caso de sinistro, alguns possam ser atendidos - e na adequada prefcificação de riscos.

Uma fatia cada vez maior das receitas das operadoras é comprometida com o pagamento a hospitais, clínicas e laboratórios pelo atendimento a benefeficiários. Esse indicador, a chgamada sinistralidade, bateu em 93,2% em setembro de 2022. Ou seja, a cada R$ 100 recebidos, as operadoras repassam R$ 93,20 aos prestadores. Do que sobrou, ainda tiveram de pagar impostos, despesas administrativas e comerciais. A sinistralidade fechou o ano em 89,2%.

A inviabilização da saúde suplementar não vai afetar apenas as operadoras. Vai prejuciar seus 50,3 milhões de usuários, que podem se ver sem cobertura em caso de insolvência. Vai impactar o Sistema Único de Saúde (SUS), para onde deverão ir os que se virem sem condições de pagar as mensalidades. Pode, acima de tudo, solopar toda a cadeia de prestação de serviços de saúde privada.

Os planos respondem por 83% das receitas dos hospitais privados e mais de 50% das receitas dos laboratórios. A saúde suplementar movimenta 3% do PIB e empregas 5 milhões de pessoas. Custeia 1.6 bilhão de procedimentos por ano, entre consultas, exames, internalções, terapias e cirurgias. Todo este sistema está sob risco. A quem isso interessa?

Fonte: Vera Valente - Diretora-executiva da FenaSaúde (Feeração Nacional de Saúde Suplementar) / Jornal Folha de S.Paulo.


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