segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Carta aos Velhos

 Não te canses em saber, se tens muito que ensinar, inda tens muito a aprender

"Viver é envelhecer, nada mais." (Simone de Beauvoir (1908-1986), escritora, filósofa e antivista política francesa.)

Motivado pela bela e instigante matéria publicada na edição de 14/06 deste Diário, de título "Lider em Envelhecimento" (identificando a região de Rio Preto como a mais "idosa" do estado de São Paulo, já que 20% da população tem mais de 60 anos!), reproduzo abaixo o pungente poetma "Carta aos Velhos". Seu autor, o poeta fluminese Cassimiro Cunha (1880-1914), teve a infelicidade de, após um acidente, tornar-se cego de um olho aos 14 anos e, dois anos depois, perder a outea visão, o que não o impediu de deixar vastíssima e preciosa obra literária poética.

"Cartas aos Velhos", no entanto, encontra-se na sua obra "Cartas do Evangelho", psicografada por Chico Xavier, e junta-se aos mais de 600 pemas ditados ao médium mineiro, bem ao estilo que o consagrou em vida, abordando temas tidos como propícios à biblioterapêutica, como fé, esperança, confiança, resignação e humildade. Temas, aliás , que renderam o cognome de "Trovador do Evangelo", ao tempo em que identificam como um dos poetas mais profícuos dentro outros tantos piscografados por Chico Xavier. A seguir, o poema.

"Vens de longe no caminho,/ exausto de combater./ Sim, meu irmão, a velhice/ é a hnora do entardecer.

Por vezes, é uma hora triste/de amargurosas lembranças/do barco em que viajavas,/entre sonhos e esperanças.

Da culminância do monte./examinas a paisagem,/ e deploras os desvios/de quem começa a viagem.

À vezes te calas, triste/ Ninguém te quer atender,/e choras porque conheces/os tóxicos do prazer.

Mas nunca te desanimes./ Prossegue em tua missão,/ continua esclarecendo/ o mun do de provação.

Não desesperee, porquanto,/ antigamente também/eras chamado à verdade/ e não ouviste a ninguém.

Quebraste serros e atalhos,/ sem olhar a consequências./ Sofreste muito e ganhaste/ o ouro da experiência.

Perdoa.Quem viveu muito/ tem muita compreensão./ Compreensão é bondade/ que esclarece com perdão.

Meninos, moços e velhos,/ nas lutas da humanidade,/ são três expressões ligeiras/ de um dia da eternidade.

Meninice e juventude/ são alvorada louça./Velhice é a noite, porém,/odia volta amanhã.

O que é preciso no mundo/ de prova e de sofrimento,/ éque todos sejam velhos/nas luzes do entendimento.

Por isso, meu santo amigo,/ não te canses em saber, se tens muito que ensinar,/ inda tens muito a aprender.

Conserva a tua esperança./ Guarda a paz do Mestre Amado./ A crença na tua noite/é um firmamento estrelado.

Na antecâmara do Além,/ Deus te abençoe, meu irmão,/dilatando no caminho/ a luz do coração".


Fonte: Eurípdes A. Silva - Mestre e doutor em Matemática pela USP, aposentado pelo Depto. de Matemática do Ibilce, campus da Unesp de Rio Preto. - Jornal Diário da Região.







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