Como é difícil acolher e construir a vida! De fato, todos nós nascemos, mas não livres. Por quê? Experimente pensar um pouco e veja que não fez nenhuma opção para nascer, mas se achou no mundo por vontade do pai e da mãe. Não impôs nenhuma preferência de vida. Simplesmente se achou no mundo dentro de uma raça, de um país, de uma língua, de uma religião, de uma condição sociopolítica. Nasce no anonimato. Porém, com o passar dos anos, toma consciência da sua existência e passa a ter liberdade de ação. Isto significa que vai construindo sua vida pelas suas escolhas que a alicerçam.
É verdade que você recebeu a vida, mas depende também de como vai plasma-la na sua vida. Ela é uma obra nas nossas mãos. E a passagem da vida recebida desde o começo vai se realizando pela educação. É essa educação que permitirá ao ser humano crescer em um terreno fértil das relações. A convivência com os outros se configura como intercâmbio para ensaiar a própria liberdade, característica fundamental para dar vida à sua autenticidade e realidade presente. É nisso que a vida se torna realmente uma ‘mestra’, porque ajuda alcançar o “Bem” dentro os intercâmbios de solidariedades, interpessoais e de vivência.
E, neste sentido, fala também o papa Francisco: “Toda geração deveria pensar em como transmitir seus saberes e seus valores à geração futura, pois é através da educação que o ser humano alcança o seu potencial máximo e se torna um ser consciente, livre e responsável. Pensar na educação é pensar nas gerações futuras e no futuro da humanidade. É algo profundamente arraigado na esperança e exige generosidade e coragem”. Assim sendo, a nossa vida se torna uma verdadeira aprendizagem em que nunca se acaba de aprender.
Como verdadeiros estudantes, a cada dia se aprende sempre algo de novo que promove os aspectos de conhecimentos, de relacionamentos e afetos que enaltecem a mesma realidade. Conhecimentos em todos os sentidos. Lembra-me o que o grande filósofo Sócrates dizia: “Eu sei que não sei de saber”. Isto quer dizer que a nossa vida é uma mestra e que precisamos sempre aprender, reconhecendo as nossas limitações e desejosos de construir a própria vida nos alicerces da educação.
A nossa liberdade cresce na medida em que cresce a nossa educação, qual potencialidade da nossa vontade. As características disso são marcadas pelo diálogo como dom para a realização do outro. Na realização do outro se define a própria realização. Esta verdade se fundamenta sobretudo na Palavra de Deus. E esta verdade se constrói aos poucos e com muita paciência. O ser humano é ser humano na medida em que consegue ser um educador, fazer da vida uma mestra sem fim. É esta mestra que nos ajuda a buscar uma real aproximação do outro e, por isso, Jesus Cristo põe o grande mandamento a seguir: o amor. O amor que nos rende mais próximos e viver melhor a liberdade para que fomos chamados. Nisto consiste a nossa felicidade.
Fonte: Claudio Pighin - Sacerdote e doutor em teologia / Belém-PA.
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