quinta-feira, 14 de maio de 2020

DEUS NOS FALA

Evangelho de Lucas 15, 1-3.11-32

Comentar essa Palavra de Deus, narrada por Lucas, é para mim compreender melhor quem é esse meu Deus. Que sabedoria em todos esses versículos! Deus não quer que ninguém seja escravo; quer que todo mundo tenha a dignidade de filho e filha de Deus. Inicia Lucas dizendo: “Todos os cobradores de impostos e pecadores se aproximavam de Jesus para escutá-lo. Mas os fariseus e os doutores da Lei criticavam a Jesus, dizendo: “Esse homem acolhe pecadores, e come com eles!” O nosso Deus não exclui ninguém, pelo contrário, Ele faz de tudo para acolher as pessoas.

A verdadeira religião e os verdadeiros fiéis nunca podem excluir pessoas, mas, imitando Deus, têm que promove-las com aquele amor que o nosso Senhor nos ama. Portanto, os seguidores de Jesus não podem alimentar ciumeira, rivalidades entre eles pelos seus comportamentos. E, assim, a parábola dos dois filhos que recebem a herança do pai revela o quanto estão longe dele. Todos dois mostram a dificuldade de entender o amor do pai e, ao mesmo tempo, o Pai que não se dá paz em amar sempre os filhos, do jeito que são. Isto é, hoje, quanto nós sabemos reconhecer o amor de Deus que tem por cada um de nós?

O filho mais novo pega a sua herança e depois “esbanjou tudo numa vida desenfreada”, longe do pai. Desilusão da vida e a humilhação de se ocupar dos porcos. No ambiente judaico, não tinha coisa pior que cuidar de porcos, porque tais animais domésticos eram considerados impuros. A conscientização das nossas pobrezas e humilhações nos tiram do nosso egoísmo e nos abrem aos outros, e assim nos permitem buscar o nosso Deus. E Ele, com alegria, acolhe o filho que se arrependeu. Vimos que o pai ficou a espera dele o tempo todo. Significa que Deus aguarda com tanta paciência que um dia vamos voltar pra Ele.

Ele acredita que essa vontade de chegar a Ele é questão de tempo e a amadurecimento. E esse retorno do filho enche de tanta alegria o Pai que não o deixa nem terminar de falar: “Vamos fazer um banquete”. Isto é, estar perto do Pai é festa, é vida, é libertação. É isso que Deus quer da gente: sermos livres e não escravos. É pra isso que fomos criados. É nisso que consiste a essência de Deus: a
felicidade dos seus filhos e filhas. Porém, diz a parábola que o filho maior quando viu toda aquela festa em homenagem ao irmão, que tinha sido entregue a uma vida desenfreada, teve uma reação de repúdio. Não consegue entender o pai que promove a festa e é alegre pelo retorno de um filho como aquele.

Quer dizer que esse filho que ficou o tempo todo com o pai não o entendeu, não teve intimidade com ele, porque ele teria entendido a tristeza do pai de ver um filho perdido. Ás vezes, também entre os cristãos existe certo ciúme e concorrência de quem pretende ser o melhor. Todos somos filhos e todos temos que reconhecer como Deus nos ama. Por isso, Ele é feliz. A sua felicidade é a nossa felicidade.

Fonte: Claudio Pighin -  Sacerdote, doutor em teologia, mestre em missiologia e comunicação.


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